PSD e União oferecem vice presidência da Câmara ao PT

Negociações ainda não foram oficializadas; partido se reúne para alinhar qual candidato apoiará

Por Gabriela Gallo

Kassab usa força eleitoral para buscar apoio a Brito ou Elmar

Em meio às disputas internas para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados, a aliança PSD-União Brasil convocou novos personagens à narrativa. Nos bastidores, o bloco convidou o Partido dos Trabalhadores (PT) para indicar um candidato para entrar na disputa para a primeira vice-presidência da Mesa Diretora da Casa. A negociação busca conseguir assim o apoio da federação PT-PCdoB-PV a um dos dois candidatos à sucessão do presidente da Cãmara, Arthur Lira (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA). As informações são do portal UOL.

O convite ainda não é oficial, tampouco foi confirmado pelo PT. Nesta terça-feira (15), a bancada do PT na Câmara se reuniu pela primeira vez para tratar sobre a sucessão de Arthur Lira (PP-AL). A última vez que o partido teve um membro no cargo foi em 2013, quando o ex-deputado André Vargas (PT-PR) assumiu o posto quando Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi eleito presidente da Câmara.

PT

Os votos do PT e da esquerda dentro da Câmara também são cobiçados pelo candidato à presidência da Casa pelo Republicanos, o líder do partido na Câmara, deputado Hugo Motta (PB). Motta negocia entregar ao PT a primeira secretaria da Mesa Diretora e oferecer a primeira vice-presidência da Casa ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e dono da maior bancada da Câmara. As informações são da Folha de São Paulo.

Nos bastidores, o PT também não tem certeza sobre qual candidato apoiar. Enquanto o líder do partido na Casa, deputado Odair Cunha (MG), defende apoiar Hugo Motta e firmar uma aliança com Arthur Lira – já que o presidente da Câmara anunciou apoio ao candidato. Porém, outros membros do partido alegam que o ideal é apoiar um candidato mais alinhado com o palácio do Planalto, o que a dupla Elmar Nascimento/Antônio Brito vêm tentando fazer. À priori, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve se manifestar sobre as eleições do Congresso.

O Planalto e o governo não têm grandes divergências ou resistências com Hugo Motta. Porém, os parlamentares contrários a apoiar o candidato do Republicanos temem as relações de proximidade entre ele e o líder do PP no Senado, senador Ciro Nogueira (PI). Isso porque Ciro Nogueira foi ex-ministro da Casa Civil durante a gestão de Jair Bolsonaro e é atualmente um dos principais articuladores da bancada bolsonarista no Congresso Nacional.

Entenda

A disputa para o sucessor de Arthur Lira evidenciou uma divisão da direita e do Centrão que segue incerta sobre quem será o vencedor. Antes das eleições municipais, o candidato Hugo Motta era o preferido da corrida interna, após a desistência de seu colega de partido, o atual vice-presidente da Câmara, Marcus Pereira (SP). Inicialmente, Motta era o preferido por ser avaliado como um candidato moderado, capaz de dialogar com o governo e a oposição.

Imaginava-se, por isso, que fosse haver um consenso em torno de Hugo Motta. Mas PSD e União Brasil não aceitaram o jogo nesses termos. E os candidatos Elmar Nascimento e Antonio Brito se uniram para tentar derrubar a candidatura de Motta. Eles firmaram o compromisso de que Brito e Elmar apoiariam um ao outro, cedendo o lugar para quem parecesse mais forte no mês da sucessão, em fevereiro de 2025.

O favoritismo de Hugo Motta reverteu-se após o primeiro turno das eleições municipais, já que o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no país (852), e o União Brasil ficou em quarto lugar (585). Com isso, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirma que os resultados oferecem vantagens à aliança PSD-União Brasil, inclusive para ser usado como moeda de troca.