PT e MDB: aliados ou adversários?

Unidos na base do governo, os partidos disputam eleições municipais com mais prejuízos que acertos

Por Karoline Cavalcante

Nunes e Boulos dividem PT e MDB

No plano federal, juinto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB) são aliados políticos. Porém, esta relação está sofrendo certo estremecimento nas eleições municipais de 2024.

Em alguns lugares, os partidos estão associados na disputa eleitoral. Caso de Belém, onde o PT apoia a candidatura do emedebista Igor Normando. Mas em outras, porém, são adversários figadais. Isso acontece em São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, é apoiado pelo PL, enquanto o PT apoia a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos, do Psol. E em Porto Alegre, há um confronto direto: o prefeito Sebastião Melo, do MDB, disputa o segundo turno com a deputada federal Maria do Rosário, do PT.

Em avaliação do cientista político, Rócio Barreto, isso motivou o enfraquecimento de ambos na disputa por prefeituras. Teria gerado, para ambos, “mais prejuízo do que lucro”. Para Rócio Barreto, ambas as legendas “precisam se reinventar” se quiserem mudar o cenário.

“O PT e o MDB são partidos que tiveram mais prejuízo do que lucro nas eleições municipais de 2024. O PT perdeu muitas prefeituras. O MDB deixou de ser o campeão de prefeituras. Partidos que sempre estiveram lado a lado principalmente na questão do governo federal. O MDB não lança candidato à presidência e geralmente esteve com os presidentes do PT”, avaliou.

2026

“E esses dois partidos precisam se reinventar para que tenham mais sucesso nas eleições de 2026 na formação do Congresso Nacional. Lula vem disputando a reeleição e precisa muito do MDB. E o MDB também precisa muito do governo Lula. Tanto na composição, como na apresentação e na representação de estatais, de ministérios”, acrescentou o especialista.

O MDB conta com três ministros atuando no governo do presidente Lula: Simone Tebet, que ocupa o Ministério do Planejamento e Orçamento; Renan Filho, responsável pelo Ministério dos Transportes, e Jader Barbalho Filho, que é ministro das Cidades.

São Paulo

A capital de São Paulo é a grande protagonista no quadro, tanto pela disputa movimentada e acirrada desde o primeiro turno, quanto por seu potencial político e econômico.

No debate da Band, realizado na segunda-feira (14), os candidatos trocaram ataques, concentrando-se especialmente no apagão que atinge a capital desde sexta-feira (12). Boulos mencionou a investigação sobre a chamada máfia das creches, que apura pagamentos a Nunes e seus familiares em um esquema de lavagem de dinheiro. Em seguida, desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário, afirmando que não tem nada a esconder. O prefeito, por sua vez, respondeu que seu sigilo já é aberto. Além disso, ligou o candidato do MDB ao PCC e a crimes eleitorais.

O candidato do Psol é apoiado pelo presidente da República, e, de acordo com informações do portal UOL, as acusações não foram bem recebidas pelo presidente do MDB, Baleia Rossi, que está cogitando conversar com Lula para discutir uma disputa mais limpa, que priorize as propostas para a cidade.

O PT ainda não se manifestou sobre as disputas entre candidatos de direita, como em Goiânia, onde Fred Rodrigues (PL) concorre contra Sandro Mabel (União), e em Campo Grande, onde Adriane Lopes (PP) enfrenta Rose Modesto (União)