Datafolha: Nunes cai, mas votos não vão para Boulos

A pouco mais de uma semana do segundo turno, especialista considera cenário de difícil reversão

Por Karoline Cavalcante

Ricardo Nunes perdeu pontos, mas não foram para Boulos

Em pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Datafolha, o atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) apresentou 18 pontos percentuais de vantagem contra o deputado federal e também candidato à prefeitura da capital, Guilherme Boulos (Psol).

O levantamento ocorre dez dias antes do segundo turno das eleições municipais de 2024, pleito que acontecerá no dia 27 de outubro. O cenário mostrou certa estabilidade na disputa, quando comparado aos resultados da pesquisa anterior — realizada nos dias 8 e 9 de outubro.

Na pesquisa estimulada, quando o nome e o número dos candidatos são apresentados ao entrevistado, Nunes recebeu 51% das intenções de voto, o que representa uma queda de 4% quando relacionada ao número de antes (era 55%). Enquanto Boulos se manteve com 33% em ambos os resultados.

Brancos e Nulos

Ou seja, a queda de Nunes não reverteu em vantagem para Boulos. A porcentagem que o candidato do MDB perdeu foi depositada integralmente na parte dos brancos e nulos, que apresentou 14%, sendo que anteriormente eram 10%. Os indecisos se mantiveram em 2%.

No cenário espontâneo, quando o entrevistado é questionado sobre em quem irá votar, mas sem receber os dados dos candidatos, Nunes está com 11 pontos de vantagem ante o adversário. O atual prefeito permaneceu em 41% e Boulos subiu para 30% (antes era 29%). Os eleitores indecisos apresentaram uma estagnação em 12% e os brancos e nulos em 10%.

Em relação aos votos dos apoiadores do empresário Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da disputa, Nunes herdou 77% dos votos, enquanto Boulos, apenas 8%. Entre os eleitores da deputada federal Tabata Amaral (PSB), que ficou em quarto lugar, 52% foi herdado por Boulos e 27% por Nunes.

Não houve novidades sobre o perfil de apoio dos candidatos do segundo turno: 40% dizem que escolheram um candidato porque ele é o ideal e 59% porque não há opção melhor. Sendo que 57% dos eleitores de Guilherme Boulos o consideram o candidato ideal e 43% dizem votar nele por não ter uma opção melhor. Ricardo Nunes é considerado o candidato ideal para apenas 30% do eleitorado e 69% o escolhem por não ter uma melhor opção.

No índice de decisão de voto, 86% dos paulistanos dizem estar totalmente decididos em relação ao candidato que escolheram e 14% falam que o candidato ainda pode mudar.

Encomendado pela Folha de S.Paulo, o levantamento foi realizado presencialmente entre os dias 15 e 17 de outubro e contou com a participação de 1.204 eleitores com mais de 16 anos. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos e foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-05561/2024.

Difícil reversão

Segundo análise do cientista político André Rosa, Boulos só sairá na frente caso aconteça algum fator determinante de última hora. |No cenário atual, é “muito complicado conseguir fazer uma virada”.

“Muito porque a concentração de votos na esquerda ficou muito nele e o número que a Tabata tinha é irrisório, e ela também fragmenta os votos dela com a centro-direita. Então, nesse sentido, eu vejo que o Nunes acaba cooptando os votos tanto do Marçal quanto da Tabata”. E recebe, na analise do cientista político, os votos dados no primeiro turno para José Luiz Datena (PSDB) e Maria Helena (Novo), ainda que Datena tenha declarado apoio a Boulos.