Congresso quer resolver impasse orçamentário semana que vem

Projeto de Angelo Coronel dá mais transparência ao processo para 2025. Pode haver outro para 2024

Por Gabriela Gallo

Projeto de Coronel só prevê solução para o orçamento de 2025

Em meio às expectativas para redefinir as regras referentes às emendas parlamentares, especialmente as emendas de transferência especiais (emendas Pix), o Congresso Nacional deve votar projeto de lei complementar (PLP) que altera as regras para trazer maior transparência e rastreabilidade às emendas na próxima semana. Com a votação no Congresso e aprovação do tema, o caso deixará de ser uma queda de braço entre Legislativo e Judiciário, além de liberar a discussão referente ao orçamento de 2025 no Congresso.

Nesta quarta-feira (23), os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniram com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, o ministro Flávio Dino e o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, para tratar do assunto. Inicialmente, estava previso o projeto ser protocolado na quinta-feira (24). Segue a expectativa de que o texto seja apreciado e votado tanto na Câmara quanto no Senado na próxima semana, logo após o segundo turno eleitoral (27).

Após o encontro, foi publicada a “Nota conjunta relativa à reunião entre o STF, Câmara, Senado e Executivo sobre emendas parlamentares”, que informou que após a votação nas duas Casas, “o relator no STF irá avaliar a continuidade da execução das emendas parlamentares e submeter o tema ao Plenário do Supremo Tribunal Federal”.

O PLP é elaborado pelo relator da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025, senador Angelo Coronel (PSD-BA). Na terça-feira (22) ele se encontrou com Arthur Lira e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar do tema. No dia, Coronel destacou que acredita que a proposta será resolvida o mais breve possível.

Novas e antigas

Quando os três poderes se reuniram para discutir a legalidade das emendas Pix, eles chegaram ao acordo de que essas emendas continuam permitidas, desde que respeitem os critérios de transparência, rastreabilidade e correção da aplicação desses recursos. No acordo, Flávio Dino, que é o relator de ações que questionam a destinação dos recursos no STF, determinou que fossem entregues nomes e destinos de emendas de anos anteriores. Porém, as chances desses nomes virem à tona são baixas. E enquanto o Congresso Nacional não detalhar essas informações ao magistrado, os recursos retidos não serão liberados.

A questão é que as mudanças apresentadas pelo relator da LOA valem somente a partir de 2025, desconsiderando as emendas retidas pelo STF referentes a 2024 e anos anteriores. A nota conjunta entre os poderes reitera que, em relação às emendas de anos anteriores, “as equipes técnicas da Câmara, do Senado e do Executivo vão prestar informações nos autos, em consonância com o acórdão do Plenário do STF”.

Com isso, existe a expectativa de que sejam protocolados dois projetos de lei: um referente às emendas de 2024 e outro para as emendas de 2025. E os parlamentares devem ter pressa para definir a medida, já que as votações referentes ao Orçamento para o próximo ano estão travadas desde que Dino suspendeu as emendas. A Comissão Mista de Orçamento (CMO) suspendeu a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enquanto não for definido como serão tratadas as emendas Pix.

Mudanças

Dentre as principais mudanças propostas por Angelo Coronel estão a redução do número de emendas de bancada disponibilizados, passando de 15 para no máximo dez. Em relação às emendas PIX, os recursos terão prioridade para obras inacabadas e para estados em situação de calamidade – como as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul neste ano. O PLP ainda determina que, após o pagamento do convênio, o ministério responsável pelo setor relacionado à emenda deve encaminhar um e-mail para as Câmaras de Vereadores e para as Assembleias Legislativas dos respectivos estados e municípios que receberem o recurso.

“Quando [o recurso] cai no interior do Brasil, os vereadores ficam sabendo e vão cobrar aquela ação do prefeito. Então, o vereador será também um fiscal da elaboração e da confecção, ou seja, da construção desse convênio”, explicou Angelo Coronel em entrevista à Globonews.

Assim que o recurso chegar na ponta, é necessário comunicar o valor para ser publicado no Portal da Transparência da União. O Tribunal de Contas da União (TCU) também será responsável por essa fiscalização.