Por 53,73% dos votos, Fuad Nomam é reeleito prefeito de Belo Horizonte
Em reviravolta no resultado, suspeita-se que acusações de adversário levaram à vitória
O atual prefeito de Belo Horizonte (MG), Fuad Nomam (PSD), governará a capital mineira por mais quatro anos. Neste domingo (27), o candidato foi reeleito no segundo turno das eleições municipais por 53,73% de votos válidos. Seu vice será Álvaro Damião (União Brasil). Com uma diferença de 93.037 votos, seu adversário Bruno Engler (PL) perdeu com 46,27% de votos. O mineiro é um dos 16 prefeitos (dos 20 que concorriam a novos quatro anos de mandato) que foram reeleitos.
O resultado foi uma virada de jogo para o vencedor. No primeiro turno, Engler teve uma diferença de sete pontos à frente de seu adversário, com 34% dos votos enquanto Fuad tinha 26% de votos. Fuad foi um dos cinco prefeitos das capitais que experimentaram uma virada no resultado final do segundo turno. Belo Horizonte, Palmas (TO), Fortaleza (CE), Porto Velho (RO) e Goiânia (GO) elegeram prefeitos que não estavam na primeira colocação no primeiro turno.
Acompanhado de uma “frente de esquerda” que se uniu a ele no segundo turno, Fuad recebeu apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu partido, o PT. Além disso, ele também recebeu o apoio de seus então adversários que não seguiram para o segundo turno, Duda Salabert (PDT) e Rogerio Correia (PT).
Já Engler foi apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsanaro (PL) e também recebeu apoio de figuras conhecidas por integrarem o “núcleo duro” do bolsonarismo, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG). Apesar do apadrinhamento de Bolsonaro, o apoio não foi suficiente para elegê-lo.
Acusações
Durante sua campanha, Engler buscou adotar um discurso moderado para tentar alcançar eleitores indecisos e fora da bolha bolsonarista. Porém, acredita-se que as últimas semanas do candidato em sua disputa eleitoral foram um dos motivos de sua derrota. Nesse momento, Engler tornou-se mais agressivo.
Durante a campanha no segundo turno, Bruno Engler usou suas redes sociais e seu tempo de fala nos debates e citou o livro "Cobiça", escrito por Fuad Noman em 2020. A parte citada descreve uma cena de um estupro coletivo cometido contra uma criança de 12 anos e Engler usou dos trechos para acusar o candidato do PSD de pedofilia e pornografia infantil pelo que escrevera em uma obra de ficção.
A acusação foi à Justiça mineira, a pedido da defesa de Fuad. Na última quarta-feira (23), a Justiça Eleitoral de Belo Horizonte determinou a retirada do ar da campanha de Engler, alegando que o trecho citando foi retirado de contexto e que o vídeo apresentou indevidamente a obra como se fosse um apoio à prática de pedofilia.
O deputado Nikolas Ferreira também publicou um vídeo nas redes sociais para acusar Fuad de pedofilia. O parlamentar comentou que o livro criava "um ambiente para crianças e adolescentes terem contato com isso, mesmo que seja sem querer, para poder, de fato, acabar com a inocência dessa geração". A Justiça Eleitoral também determinou que ele retirasse o vídeo de circulação.
Diante das acusações, em seu primeiro discurso pós eleito neste domingo, Fuad agredeceu a todos os eleitores e usou de seu tempo para criticar seu adversário.
“A vitória de uma campanha sempre centrada na verdade, mesmo enfrentando um adversário que mentiu, me difamou e me atacou. Apesar do radicalismo e da delinquência da outra campanha, mantive a linha e o respeito às regras do jogo. Jamais pensei em me vingar dos ataques e nem dividir a nossa cidade. Sou o prefeito de todos”, declarou o prefeito reeleito.