PT e Podemos fecham apoio a Hugo Motta na Câmara

Posições consolidam a maioria ao deputado do Republicanos na disputa pela sucessão de Lira

Por Gabriela Gallo

Motta consolida-se com os apoios conquistados

Após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializar apoio a candidatura do líder do Republicanos na Casa, deputado Hugo Motta (PB), para a presidência da Câmara, o Podemos também declarou apoio a Motta, nesta quarta-feira (30). No final do dia, o PT também fechou o apoio ao deputado do Republicanos, de acordo com informação repassada pelo vice-presidente do partido, deputado Washington Quaquá (RJ) à coluna Magnavita, do Correio da Manhã. A posição do PT, porém, ainda não foi oficialmente declarada. A bancada do Podemos tem 14 deputados na Casa. As eleições no Congresso estão agendadas para fevereiro de 2025.

Oficializado, o apoio do PT poderá sacramentar a vitória de Motta. O partido vinha sendo considerado fiel da balança na disputa. Contra Motta, há uma tentativa de aliança entre os deputados Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), na qual um apoiaria o outro, o que estivesse mais forte, em fevereiro. Mas o apoio do PT a Motta enfraquece muito essa possibilidade.

No caso do Podemos, o apoio já é oficial. O anúncio foi feito pela presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP). “A Câmara precisa desse dinamismo [de Hugo Motta]. E acima de tudo, [estamos felizes] pela parceria que o Podemos sempre teve com o Republicanos: somos dois partidos que começamos juntos, e hoje crescemos juntos, de mãos dadas, e essa parceria precisa continuar”, enfatizou a parlamentar.

O partido é a terceira sigla a declarar oficialmente apoio a Motta. A posição do PT, confirmada por Quaquá, já era esperada desde a manhã. Segundo as informações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria dado aval ao acerto com Motta, após uma reunião com o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), e a presidente nacional da sigla, deputada Gleisi Roffman (RS). As informações são do Valor Econômico.

Porém, mesmo quando o partido anunciar apoio ao candidato, a tendência é que o governo não faça esse anúncio oficialmente. A proposta é negar que o presidente Lula ou seus auxiliares tenham tomado partido no pleito.

PT

A posição do PT vinha sendo disputada especialmente depois dos acertos iniciais de Hugo Motta com o PL e os demais partidos da direita. Inicialmente, Hugo Motta surgira como uma possível solução de consenso. Arthur Lira originalmente apoiava Elmar Nascimento como seu sucessor, mas começou a perceber que havia resistências ao deputado do União Brasil. Naquele momento, estava na disputa também o vice-presidente da Câmara, Marcus Pereira (Republicanos-SP). Que abriu mão da sua candidatura em favor de Motta.

Motta, então, costurou o apoio de Lira. E obteve um aceno favorável de Odair Cunha. Ocorre, porém, que a ideia de consenso acabou não sendo construída. Elmar Nascimento não aceitou ser preterido. E também não aceitou o arranjo o PSD, que manteve a candidatura de Antonio Brito.

Na busca por apoios, o PL colocou na mesa da negociação o projeto que concede anistia aos presos e condenados pelo 8 de janeiro de 2023. Numa perspectiva de estender essa anistia também ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa negociação poderia retirar o apoio do PT. Foi quando, então, Lira resolveu tirar esse tema dos acertos, tirando o projeto da tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), remetendo-a a uma comissão especial, recolocando-o na estaca zero, sem previsão de apreciação. Sem a anistia na mesa, o PT aceitou voltar a negociar com Motta.

Debate

Na terça-feira (29), após Lira declarar apoio ao candidato do Republicanos, Elmar Nascimento disse que continuará na disputa pela principal cadeira da Mesa Diretora da Câmara e desafiou Motta (e demais candidatos ao cargo) para um debate aberto na Casa. Para o candidato, tal como candidatos a presidência da República e prefeituras, no debate os candidatos anunciarão suas propostas ao escrutínio público, se opondo à abordagem de Lira de buscar definir uma sucessão por meio de sucessão.

“Estamos falando do segundo cargo mais importante da república. Não dá para ser com base na nota escrita, do previsível, de você não ter o antagonismo de alguém que vai debater com você o cargo. Todas as eleições aqui foram motivo de disputa. O Rodrigo Maia foi um grande presidente e disputou uma eleição suplementar, disputou uma segunda eleição, disputou uma terceira eleição. Todo mundo aqui disputou eleição”, enfatizou Nascimento em conversa com a imprensa.

Senado
Apesar de ainda não ter declarado apoio a nenhum candidato, o Partido Liberal (PL) oficializou apoio ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), nesta quarta-feira (30), para a presidência do Senado Federal. O anúncio foi feito pelo líder da oposição na Casa, senador Rogério Marinho (PL-RN), juntamente com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na avaliação de Marinho, o atual presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não respeitou a proporcionalidade das bancadas. “O presidente do Congresso atual, entendeu por bem não levar em consideração o tamanho das bancadas e o respeito à própria história do parlamento. Como nós sabemos que é importante nos próximos dois anos a oposição ter a possibilidade de implementar e discutir pautas que são importantes para o Brasil, principalmente na questão do reestabelecimento da normalidade democrática, no respeito e na defesa das prerrogativas dos senadores da República”, afirmou o senador.

A bancada do PL na casa tem 14 senadores. Além o partido do ex-presidente o PP (sete senadores), PDT (três parlamentares) e PSB (quatro) também declararam apoio a Alcolumbre, que já foi presidente da Casa entre 2019 e 2020. Somando com os parlamentares do União Brasil, que contam com sete parlamentares no Senado, até o momento a candidatura de Davi Alcolumbre já tem o apoio de 35 congressistas. Por isso, faltam apenas seis senadores para ser eleito, já que Alcolumbre precisa do voto de ao menos 41 senadores para ser eleito presidente da Casa.