Por: Karoline Cavalcante

Trump e Harris: Impactos distintos no cenário brasileiro

Segundo analistas, vitória de Trump pode ser vitória do bolsonarismo | Foto: Isac Nóbrega/PR

A eleição presidencial dos Estados Unidos da América (EUA), está marcada para acontecer na próxima terça-feira (5), e atrai a atenção do mundo inteiro, incluindo países como o Brasil, que observam de perto a disputa entre Donald Trump (Partido Republicano) e Kamala Harris (Partido Democrata).

Segundo o cientista político Kleber Carrilho, Trump tem um impacto mais significativo em uma possível vitória do Bolsonarismo, enquanto Harris não assegura a reeleição do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Em termos práticos, historicamente, não havia muita diferença em vitórias democratas ou republicanas até um passado recente. Porém, nesta onda de polarização paralela, a tendência é que a vitória de Trump seja um fortalecimento de Bolsonaro no Brasil. Além disso, em termos diplomáticos, a relação parece ser mais tranquila com uma noção de normalidade se a vitoriosa for Harris”, inicia.

“A esquerda brasileira não tem uma relação direta com os democratas, embora Biden tenha sido um dos primeiros a reconhecer a vitória de Lula e, com isso, desestimulou as aventuras golpistas nas forças armadas. A questão é que Trump influencia mais uma possível vitória do Bolsonarismo, mas Harris não garante vitória de Lula na reeleição”, acrescenta.

Política externa

De acordo com o internacionalista João Cândido, a eleição nos Estados Unidos promete influenciar não apenas a política interna americana, mas também as relações internacionais, com impactos diretos no Brasil. A disputa entre Kamala Harris e Donald Trump resulta em cenários distintos para a política externa do país.

Com Harris, o Brasil precisaria reforçar seu compromisso com a sustentabilidade, buscando parcerias com o Partido Democrata em inovações verdes e projetos de energia limpa. “O que poderia atrair investimentos, mas exigiria adaptações nas políticas internas”, avalia.

Enquanto com Trump, o Brasil teria mais liberdade para seguir sua própria agenda, enfrentando menos pressões para mudar suas políticas ambientais. “No entanto, essa aproximação poderia resultar em um distanciamento em relação a outras nações, especialmente em um contexto de possíveis tensões globais”, finaliza Cândido.

Pesquisa

O cenário é acirrado e ainda indefinido. Em uma pesquisa eleitoral divulgada no sábado (2), às 18h, pelo site FiveThirtyEight, Kamala Harris aparece à frente, com 48% das intenções de voto, enquanto Donald Trump recebe 46,8%, o que representa uma diferença de apenas 1,1 ponto percentual. Um mês atrás, em 2 de outubro, Harris também liderava, mas com uma diferença maior, de 2,8 pontos percentuais: ela tinha 48,6%, já Trump registrava 45,8%.

No levantamento que questiona os eleitores sobre qual partido apoiariam em uma eleição, os Democratas lideram com 46,1%, à frente dos Republicanos, que registram 45,6%, uma diferença de apenas 0,5 ponto percentual.

Na média das pesquisas de favorabilidade, que medem as opiniões dos estadunidenses sobre os candidatos, Kamala Harris é rejeitada por 48% dos entrevistados, e 46,3% expressam uma opinião favorável a ela. Por outro lado, Donald Trump enfrenta uma rejeição maior, com 52,1% do eleitorado manifestando uma opinião desfavorável, contra 43,6% que o apoiam.