Por: Karoline Cavalcante

PF finaliza inquérito de assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips

Ministério dos Direitos Humanos homenageia dois anos sem Bruno Pereira e Dom Phillips | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) concluiu, na última sexta-feira (1º), o inquérito sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. As vítimas foram mortas a tiros em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, no Amazonas, quando visitavam as proximidades da terra indígena Vale do Javari.

A investigação confirmou que os homicídios foram motivados pelas atividades fiscalizatórias promovidas por Bruno na região. Ele atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas.

Conhecido como “Colômbia”, Rubens Villar Coelho foi indiciado como mandante dos crimes. “O qual forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e interveio para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas”, informou a PF, em nota.

Após dois anos de diligências, foi promovido, no total, o indiciamento de nove investigados, além do coordenador do grupo, os demais participaram na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas. O relatório final mostra que a ação criminosa gerou impactos socioambientais, causando ameaças aos servidores de proteção ambiental e as populações indígenas.

“Reforçando o compromisso com a segurança e proteção do meio ambiente e dos direitos indígenas, a Polícia Federal informa que continua monitorando os riscos aos habitantes da região do Vale do Javari, bem como possui investigações em andamento acerca de ameaças contra indígenas que residem na localidade”, finalizou a corporação

Entenda

Dom Phillips era repórter do jornal britânico The Guardian e Bruno Pereira, indigenista da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), foram dados como desaparecidos em 5 junho de 2022 na Amazônia brasileira. Phillips estava preparando um livro sobre a região, enquanto Pereira atuava como consultor técnico, defendendo os direitos dos povos indígenas.

A dupla desapareceu após serem vistos navegando próximo à comunidade São Gabriel. As buscas, iniciadas pela Univaja, começaram rapidamente, com equipes saindo de Atalaia do Norte e Tabatinga. Apenas no dia 15 de junho, após dez dias de procura, a Polícia Federal confirmou que os corpos encontrados em um local de difícil acesso pertenciam a Bruno e Dom.

As investigações apontaram para um cenário de violência. Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", foi o primeiro a ser preso, após testemunhas relatarem ameaças contra Bruno. A Polícia Federal encontrou objetos pessoais da dupla e, posteriormente, restos mortais que confirmaram a brutalidade do crime, com evidências de assassinato e ocultação de cadáver.

A atuação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foi criticada durante o caso, especialmente em relação às declarações de seus diretores sobre a entrada de Bruno e Dom em terras indígenas. À época, o então presidente da fundação, Marcelo Xavier, informou que embora Bruno continuasse pertencendo ao quadro de servidores da fundação, não tinha viajado em missão institucional.

O Ministério Público Federal instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do desaparecimento, e Xavier e o ex-vice-presidente da fundação, Alcir Amaral Teixeira, foram indiciados por homicídio qualificado.