Por: Gabriela Gallo

P20: Segundo dia com foco em combate à fome e desigualdades

Parlamentares das maiores economias do mundo acompanhados de Lira e Pacheco | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Em uma prévia à 19ª Cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, o Congresso Nacional reuniu parlamentares das maiores economias do mundo para discutirem e alinharem ideias e planos nas temáticas que serão tratadas no Rio, na 10ª edição da Cúpula do P20. Enquanto no primeiro dia do evento, na quarta-feira (6), os parlamentares discutiram sobre desigualdade de gênero e os impactos das mudanças climáticas sob o recorte de gênero e raça, no segundo dia, nesta quinta-feira (7), o foco foi no combate à fome, pobreza e à desigualdade.

Participaram da abertura do evento tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quanto do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em seu discurso de abertura, Pacheco reforçou que não é possível se discutir sobre fome e o enfrentamento de desigualdades sem que haja alternativas para o desenvolvimento sustentável, tal como para a transição energética e mudanças climáticas.

“O Parlamento deve ter verdadeiro compromisso com a implementação dos objetivos de desenvolvimento sustentável e com a promoção da igualdade. Não podemos mais aceitar que milhões de pessoas sobrevivam miseravelmente, excluídas do bem-estar social. É preciso assegurar oportunidades iguais para todos”, destacou o senador.

Já Lira, pontuou que, para a 10ª edição do P20, é necessário se discutir o papel de deputados e senadores em três eixos prioritários: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade. “O desenvolvimento sustentável nos âmbitos econômicos, social e ambiental, e a reforma da governança global. Com essa convergência, queremos reforçar sinergias e ampliar a voz dos parlamentares na cúpula do Rio de Janeiro”, declarou Lira.

Insegurança Alimentar

Para além da fome, um dos tópicos reforçados nos discursos estão à insegurança alimentar – ou seja, o indivíduo ou família não ter certeza se serão capazes de se alimentarem três vezes ao dia, é a incerteza da fome.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), nos últimos seis anos os registros de insegurança alimentar aumentaram em todo mundo. Segundo a FAO, em 2018 14% da população mundial sofria de insegurança alimentar e, em 2023, os números cresceram para 21,5%. A subnutrição atinge cerca de 700 milhões de pessoas.

Todavia, o Brasil seguiu o movimento contrário. Os dados do relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial apontam que no Brasil houve uma queda de 85% na insegurança alimentar severa. Em 2022, mais de 17 milhões de pessoas passavam fome no país e, em 2024, o número caiu para 2 milhões e meio.

Durante a sessão sobre o tema no plenário da Câmara dos Deputados, os parlamentares destacaram que os principais fatores que inviabilizam as políticas públicas de combate à insegurança alimentar são: as políticas inadequadas de redistribuição de renda e o agravamento de conflitos geopolíticos.

Fabiana Martín, presidente Parlamento do Mercosul (Parlasul), destacou que, se nada for feito para mudar o cenário atual, 670 milhões de pessoas seguirão enfrentando a crise alimentar na próxima década. “A fome e a segurança alimentar não são consequência de fatores externos, mas são o reflexo de decisões políticas. O mundo produz alimento suficiente para alimentar toda a população, mas estamos ajunto errado. A má distribuição e a desigualdade perpetuam esse cenário”, pontuou Martín.

Pacheco completou que, para se garantir a incluir alimentar e nutricional, também é necessário quebrar barreiras econômicas, políticas e até ambientais. “O sistema internacional enfrenta uma crise multifacetada, nos âmbitos geopolítico, econômico e ambiental. O surgimento e o avanço de problemas mundiais de tamanha complexidade e abrangência exigem o constante aperfeiçoamento democrático dos processos decisórios no âmbito das instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial. Refiro-me, particularmente, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao Fundo Monetário Internacional [FMI] e ao Banco Mundial”, reiterou Pacheco.