Por: Karoline Cavalcante

PF indicia Pablo Marçal por falsificação de laudo

Marçal é acusado de usar laudo falso para acusar Boulos de usar cocaína | Foto: Divulgação

Ao divulgar um laudo falso na disputa eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, o empresário Pablo Marçal (PRTB) responderá por dois tipos de crime: a produção do documento e a sua utilização. Ele precisará de uma boa defesa caso deseje se candidatar a cargos futuros. Essa é a avaliação do advogado e analista político Melillo Dinis.

Na última sexta-feira (8), a Polícia Federal (PF) indiciou Marçal por apresentar um laudo falso contra o deputado federal e então adversário na disputa pela prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), dois dias antes do primeiro turno das eleições municipais de 2024. O investigado prestou um depoimento de cerca de três horas durante a manhã, na Superintendência Regional da PF, na Zona Oeste de São Paulo. Durante o interrogatório, ele negou qualquer envolvimento no caso e afirmou que o suposto documento foi publicado por sua equipe. As informações foram divulgadas pelo portal G1.

Agora, o inquérito policial será enviado ao Ministério Público, que vai analisar se aceita ou não a denúncia. Em análise do cenário, Melillo pondera que Marçal sofrerá as consequências judiciais, mas poderá sair fortalecido entre os seus apoiadores.

"Isso tem uma dupla face: Pablo Marçal vai ter que 'comer o pão que a justiça vai amassar' de um lado, e, do outro, isso pode fortalecê-lo junto aos seus adeptos e eleitores, que acreditam que esse tipo de episódio é uma das coisas mais lindas do mundo”, afirmou o advogado.

Boulos

Ao Correio da Manhã, Boulos se manifestou por meio de sua assessoria afirmando que o indiciamento “é só um primeiro passo”. “O indiciamento de Pablo Marçal pela PF é só um primeiro passo no combate às fake news abjetas que contaminaram a disputa eleitoral deste ano na cidade de São Paulo”, disse.

Na nota, também mencionou a acusação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) teria orientado voto no então candidato psolista. A declaração foi feita pelo governador no segundo turno do pleito, ao lado do prefeito reeleito da capital paulistana, Ricardo Nunes (MDB).

“Esperamos que a Justiça atue com firmeza contra esta e todas as inúmeras mentiras disseminadas ao longo do pleito - incluindo o uso criminoso da máquina pública por Ricardo Nunes e o crime eleitoral cometido pelo governador Tarcísio de Freitas em plena votação do 2º turno da eleição”, acrescentou o deputado.

Na ocasião, a defesa do candidato do Psol entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral na 1ª Zona Eleitoral do estado por abuso de poder político e por uso indevido dos meios de comunicação. No documento, pediu pela inelegibilidade do governador pelos próximos oito anos e a cassação da chapa de Nunes.

Relembre

Na noite de 4 de outubro, véspera do primeiro turno das eleições, que ocorreriam no dia 6, Marçal publicou um receituário médico que vinculava seu adversário, Guilherme Boulos, ao uso de cocaína. A campanha de Boulos então entrou com uma ação na Justiça, pedindo a prisão de Marçal e do proprietário da clínica mencionada. No sábado (5), o Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo concluiu que o laudo apresentado era falso.

O médico José Roberto de Souza foi apontado como responsável pelo documento, mas descobriu-se que ele faleceu em 2022. "Isso vai reverberar tanto no campo da Justiça Eleitoral como também no campo da criminal, porque ele acaba tendo que responder uma série de movimentações movidas pela família do médico, que teve o seu nome utilizado pelo então candidato Pablo Marçal", pontuou Melillo Dinis.