A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que investiga os esquemas de apostas Bets aprovou a convocação de novos depoimentos para a comissão. Entre os convocados estão influenciadores digitais, empresários do setor de apostas online e representantes do governo federal. Na sessão da última terça-feira (19), a CPI aprovou 170 requerimentos, incluindo convocações, convites e pedidos de informações. Segundo a Agência Senado, o objetivo é investigar a influência das apostas online no Brasil e suas possíveis ligações com práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro e organização criminosa. A primeira oitiva será na próxima terça-feira (26 de novembro) com Fernando Oliveira Lima, identificado como responsável pelo “jogo do tigrinho”.
A apuração envolverá personalidades famosas. Nomes famosos na internet e nas redes sociais como Deolane Bezerra, Wesley Safadão, Jojo Todynho e Tirulipa estão entre os influenciadores convocados para prestar esclarecimentos. De acordo com a relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), os convocados terão direito ao silêncio e à assistência jurídica durante os depoimentos. A parlamentar também declarou esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) não conceda habeas corpus que impeçam os convocados de comparecer às oitivas, medida já adotada em outras investigações.
Investigações estaduais
A CPI busca o compartilhamento de dados da Operação “Integration”, da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que apura a lavagem de dinheiro em jogos ilegais. Essa investigação resultou no indiciamento de algumas celebridades, como o cantor Gusttavo Lima. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), conforme divulgou a Agência Senado, esses dados podem acelerar os trabalhos da comissão e revelar o impacto econômico e social das plataformas de apostas.
Além de influenciadores, a comissão convocou representantes de empresas de apostas, como Marcela Campos, sócia da Esportes Gaming, e Darwin Silva, dono da empresa Caminho da Sorte. Outros requerimentos incluem empresários ligados a plataformas financeiras que, supostamente, facilitam operações ilícitas no setor.
Convites a autoridades públicas
A CPI também aprovou convites a ministros e dirigentes de órgãos públicos. Entre eles, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O colegiado quer esclarecimentos sobre políticas regulatórias para o setor e possíveis falhas no monitoramento de atividades financeiras ligadas a apostas.
Pedidos de informação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foram aprovados para acessar relatórios sobre movimentações suspeitas de empresas e pessoas físicas vinculadas às plataformas investigadas.
Regulamentação
Durante a reunião, Thronicke destacou o impacto das apostas no orçamento das famílias brasileiras. Ela afirmou que a falta de regulamentação do setor agrava problemas econômicos e de saúde pública. Jogadores compulsivos recorrem a empréstimos informais, enquanto recursos financeiros saem do mercado nacional, segundo a parlamentar. “Muitas (famílias) estão indo à bancarrota. Todo esse recurso está saindo do Brasil. São bilhões de reais que estão saindo do nosso comércio e do setor de serviços”, apontou Soraya.
Já o presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), reforçou que os trabalhos da comissão devem ser conduzidos com responsabilidade, sem espetacularização. Em sua fala, o parlamentar salientou o fato de que a apuração não está contra e nem a favor do governo. “Esta CPI é a favor da sociedade, que está adoecendo por conta da falta de regulamentação desta atividade. Não vamos espetacularizar nada aqui. Vamos fazer tudo com muita responsabilidade e com a seriedade que o caso requer”, afirmou.
Próximos passos
A agenda da comissão inclui novas oitivas com representantes do governo, da polícia e do setor privado. Além disso, os senadores pretendem aprofundar a investigação sobre a expansão das apostas online no Brasil e suas conexões internacionais. A CPI foi instalada em 12 de novembro e tem prazo de funcionamento até abril de 2025.