"Brasil e EUA tem tudo pra crescer", diz Alckimin

Vice-presidente afirma que países irão manter boas relações econômicas; o mesmo não pode se dizer na pauta ambiental

Por Gabriela Gallo - BSB

Alckimin diz que países manterão boas relações econômicas

Apesar de não ter sido o resultado esperado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a vitória de Donald Trump (partido Republicano) para assumir novamente a presidência dos Estados Unidos da América (EUA) alterará as relações entre os presidentes de ambos os países. Porém, ao menos no ramo econômico, mesmo com as mudanças, o governo federal tem demonstrado que quer ter boas relações com o país norte-americano.

Em conversa com a imprensa nesta quinta-feira (7) o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), destacou que o Brasil “fortalecerá” as relações entre os dois países, por ser um interesse de ambos os lados. “O Brasil tem quase 2% do PIB [Produto Interno Bruto] do mundo, então 98% do comércio do mundo está fora do Brasil”, disse Alckmin, no lançamento do programa Raízes Comex, voltado para inclusão e ampliação de empresas lideradas por pessoas negras no comércio exterior brasileiro.

“[Os] Estados Unidos é o maior comprador de manufaturas e o maior investidor no Brasil. As relações são de Estado, elas não são pessoais. Então o Brasil tem uma tradição de amizade, de complementação econômica com os Estados Unidos que, eu tenho certeza, tem tudo pra crescer”, destacou o vice-presidente.

O candidato republicano tem uma postura mais protecionista economicamente do que seu futuro antecessor, Joe Biden. Durante sua campanha na corrida presidencial ele prometeu que irá impor tarifas de, no mínimo, 10% a todos os produtos que chegam do exterior – a alíquota será maior para produtos oriundos da China. Em 2023, os Estados Unidos importaram o equivalente a US$ 36,9 bilhões em bens, configurando-se como o segundo país que mais importa do Brasil.

“O Brasil sozinho representa 50% do PIB da América do Sul, o Brasil é a 8ª economia do mundo. Então eu tenho certeza que é um ‘ganha-ganha’”, completou Alckmin.

Meio Ambiente

Porém, apesar da tentativa em não criar atritos diplomáticos e econômicos, os dois chefes de Estado vão enfrentar conflitos ligados à políticas voltadas para mudanças climáticas. Também nesta quinta-feira, em entrevista à CNN International, o presidente Lula afirmou que Trump precisa pensar que também vive no planeta Terra ao definir se, em sua gestão, os Estados Unidos seguirá ou não o acordo de Paris.

“Eu acredito que o presidente Trump tem de pensar como um habitante da planeta Terra. E se ele pensa como o governante do país mais importante, mais rico país do mundo, que tem mais tecnologia e que é melhor preparado do ponto de vista das armas, ele tem de ter a noção de que os EUA estão no mesmo planeta que eu estou”, afirmou Lula.

O plano político de Donald Trump, elaborado pelo think tank de direita para orientar o governo conservador, sugere a retirada dos Estados Unidos não só do Acordo de Paris, mas da própria Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (UNFCCC). Think Tanks são instituições que atuam como laboratórios de ideias, produzindo pesquisas e análises para embasar políticas públicas.

Biden
Após Kamala Harris reconhecer a vitória de Trump, o atual presidente dos Estados Unidos Joe Biden (partido Democratas) afirmou em comício, nesta quinta-feira (7), que a vontade do povo prevaleceu. Assim como sua vice, Biden prometeu que se esforçará em fazer uma "transição pacífica e ordenada” na troca de poder e pediu que a tensão no país seja reduzida.

“Conversei com o presidente eleito [Donald] Trump para parabenizá-lo por sua vitória e garanti a ele que direcionaria todo o meu governo para trabalhar com sua equipe a fim de garantir uma transição pacífica e ordenada. É isso que o povo americano merece”, afirmou.

ainda destacou que, “Estamos em uma democracia, a vontade popular sempre prevalecerá. Você não pode amar seu país só quando você vence. Você não pode amar seu vizinho só quando vocês concordam. Os eleitores fizeram seu dever como cidadãos, e eu farei o meu como presidente”, completou.