Pela primeira vez, Bolsonaro fala sobre indiciamento da PF
Ex-presidente nega todas as acusações e diz estar sofrendo perseguição política
Após ser um dos nomes indiciados pelo relatório da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) se defendeu e disse que tinha “zero conhecimento” do então plano de golpe de Estado. Esta foi a primeira vez que ele se manifestou sobre seu indiciamento. A declaração foi realizada nesta segunda-feira (25) em entrevista coletiva com a imprensa no aeroporto de Brasília, após ele voltar de uma viagem para São Miguel dos Milagres, em Alagoas. Ele estava acompanhado de aliados.
“A palavra ‘golpe’ nunca esteve no meu dicionário. [...] Não convoquei ninguém e não assinei papel. Eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema. Não teve como resolver, descartou-se ”, destacou Bolsonaro.
O ex-presidente informou que tentou recorrer às últimas eleições presidenciais porque, segundo ele, “tinha insatisfações” devido ao resultado de 2022. Porém, o ex-presidente reiterou que tentou “todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas da Constituição”, mas quando não viu alternativas, segundo ele, desistiu da alternativa. “Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte nunca houve discussão de golpe. Agora, todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas da Constituição, eu tentei”, disse.
Bolsonaro disse que, não somente ele como a direita brasileira, está sofrendo perseguição política. Ele ainda reforçou que nenhum plano “foi iniciado” com o intuito de matar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que na época também era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“No meu entender, nada foi iniciado. Não podemos começar agora a querer punir o crime de opinião, ou o crime de pensamento”, destacou.
Anistia
O ex-mandatário destacou que, apesar de não concordar com os atos antidemocráticos contra a sede dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, não considera o ato como uma tentativa de golpe de estado. “Golpe de estado tem que ter participação de todas as forças armadas. Ninguém dá golpe de Estado num domingo, em Brasília, com pessoas que estavam com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue, bolinha de gude e, muito menos, bastão”, reforçou.
Questionado pela imprensa sobre o projeto de lei que concede anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro (PL 2858/2022), Jair Bolsonaro disse que a discussão do tema será adiada por “não ter clima” para ser aprovada.
“Não tínhamos clima para aprovar no plenário da Câmara. Poderíamos aprovar na Comissão [de Constituição e Justiça], mas não teríamos clima para aprovar o tema no plenário”, constatou.
Todavia, ele declarou que o texto ainda será apreciado. Porém, com mais calma. Os parlamentares aliados devem solicitar a convocação de familiares dos presos, de familiares de pessoas que estão refugiadas na Argentina, dentre outros.
O texto concede anistia não somente àqueles que invadiram as sedes dos Três Poderes, mas também aos organizadores, financiadores e aqueles que incentivaram, inclusive nas redes sociais.