PSOL lança candidato para presidência da Câmara
Pastor Henrique Vieira concorrerá com Hugo Motta, mesmo com então desvantagem
Em um novo capítulo na novela da disputa interna pela presidência da Câmara dos Deputados, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) anunciou, nesta terça-feira (26), o deputado federal pastor Henrique Vieira (RJ) para concorrer ao posto de Arthur Lira (PP-AL). O parlamentar irá disputar a vaga com o atual favorito da disputa e candidato de Lira, o líder do Republicanos na Câmara, deputado Hugo Motta (PB). A eleição pelo biênio 2025-2026 na Câmara e no Senado acontecerá em fevereiro de 2025.
Ao lançar o parlamentar Pastor Henrique Vieira, o Psol mantém a tradição de lançar um candidato próprio à corrida presidencial interna, mesmo com que as chances de vitória não sejam altas.
“Nossa candidatura é por defesa da memória, da justiça e da democracia. É para combater o sequestro do orçamento com emendas bilionárias e garantir transparência e controle social do dinheiro público. Nossas prioridades são e serão as lutas do povo: o fim da jornada de trabalho 6x1, o combate à fome, a demarcação de terras indígenas, a reforma agrária, os direitos de negros e quilombolas e tantas lutas urgentes da nossa população”, disse o candidato do Psol, por meio de suas redes sociais.
Expectativas
Candidato de Lira, Hugo Motta atualmente tem o apoio de ao menos 12 partidos, inclusive o Partido dos Trabalhadores (PT), partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, os partidos que apoiam o líder do Republicanos são: PP, PL, Podemos, PT, PV, PCdoB, MDB, PDT, PSB, PSDB, Cidadania e o próprio Republicanos. Além desses, ele ainda tem o apoio das siglas de seus antigos adversários na disputa, PSD (que tinha como candidato o deputado Antonio Brito) e União Brasil (que tinha o candidato Elmar Nascimento).
Até o fechamento desta reportagem, os partidos Avante, Novo e o Psol não declararam apoio ao deputado. A expectativa é que o Novo também lance um candidato próprio à principal cadeira da Mesa Diretora da Casa. Diante do amplo apoio para o candidato do Republicanos, as chances de outro candidato vencer, são baixas, visto que, para ser eleito presidente da Casa, o candidato precisa dos votos de, no mínimo, 257 deputados.
No lançamento de sua candidatura, Pastor Henrique Vieira disse que buscará o apoio das siglas que ainda não declaram apoio a Motta, e principalmente pelos parlamentares que ainda estão indecisos – o que se aplica ao PT. “Respeito o Partido dos Trabalhadores e sua escolha [de apoiar o candidato de Arthur Lira], mas isso não impede de dialogar com os parlamentares individualmente já que é importante [para o próprio governo]”, declarou.
Questionado pela imprensa, o parlamentar disse que espera ter a quantidade de votos “suficiente para ser eleito presidente da Câmara dos Deputados”.
Ele ainda convidou Hugo Motta para um debate aberto entre os candidatos a presidência da Câmara.
Relembre
Motta saiu do anonimato ao estrelato em um período de tempo relativamente curto. No início, a disputa estava entre Antonio Brito (BA) e Elmar Nascimento (BA), que era cotado nos bastidores como a primeira escolha de Lira, por ser amigo do parlamentar.
Tudo mudou quando o então candidato Marcos Pereira (Republicanos-SP) desistiu de sua candidatura para apoiar o colega de partido. A desistência trouxe os holofotes para o paraibano, que é avaliado como um candidato mais moderado, capaz de negociar com parlamentares da oposição e da base governista.
Para negociar a desistência de seus então adversários, o favorito da Casa ofereceu “moedas de troca” que fossem interessantes para os demais interessados. A promessa para Antonio Britto é que ele será reconduzido para assumir a liderança da bancada do PSD na Câmara em 2025. Além disso, até fevereiro de 2025, o parlamentar vai liderar o grupo formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos, que somam 146 deputados.
Já a expectativa é que Elmar Nascimento tenha deixado a disputa em troca de virar o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal e mais importante comissão da Câmara.