Marinha nega que tinha tanques prontos para golpe de Estado
Inquérito da PF aponta participação no planejamento
A Marinha do Brasil emitiu uma nota oficial nesta quarta-feira (27) para rebater as alegações de que teria deixado tanques militares disponíveis para um suposto golpe de Estado nas eleições de 2022, com o intuito de manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.
No comunicado, a Marinha reafirmou que "em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito". A instituição ainda acrescentou que a constante prontidão de seus meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais "não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais".
A Marinha também reforçou o compromisso com a legalidade, destacando que "seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência", e reiterou sua disposição em colaborar com os órgãos competentes para esclarecer qualquer dúvida sobre os fatos.
O recente relatório da Polícia Federal (PF), que foi tornado público na terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, indiciou 37 pessoas como envolvidas em uma tentativa de golpe e subversão do Estado Democrático de Direito. Além disso, também planejava o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época.
Entre os indiciados está o almirante Almir Garnier, que, à época dos fatos investigados, era o comandante da Marinha. De acordo com as investigações, mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, revelam prints recebidos de uma conversa com um contato identificado como "Riva" confirma a adesão do almirante no planejamento. "O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos", diz Riva. A conversa foi compartilhada com Cid pelo coronel Sérgio Cavaliere.
A Polícia Federal também aponta que os comandantes do Exército e da Aeronáutica se opuseram a qualquer tentativa de bloquear a posse do governo eleito, embora os investigados tenham “tentado de todas as formas” pressionar e convencer os comandantes para a participação. No entanto, o então comandante da Marinha, “colocou-se à disposição para cumprimento das ordens”.
“Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal, evidenciam que o então Comandante da Marinha do Brasil, Almirante Almir Garnier, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, diz o trecho do inquérito.
Além de Garnier, a lista de indiciados inclui nomes como o de Bolsonaro; Mauro Cid; o ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), entre outros.