Refrigerantes voltam ao imposto do pecado

Como adiantara ao Correio, Lopes tentou retomar texto original. Reforma tributária fica para esta terça

Por Karoline Cavalcante

Lopes recuperou boa parte do texto da Câmara

O relator do Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, que regulamenta a reforma tributária, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), leu seu parecer no plenário da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (16). O projeto, já aprovado pelo Senado na última quinta-feira (12), será votado pelos deputados nesta terça-feira (17), conforme anunciado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Na semana passada, em entrevista ao Correio da Manhã, Lopes havia antecipado que as movimentações da Câmara reverteriam o máximo possível as alterações feitas pelo Senado no texto original. A leitura do texto confirmou o que adiantara. "A Câmara é a origem do projeto, e é ela quem tem a palavra final. Vamos revisar muitas dessas mudanças", afirmou o relator.

O principal objetivo do relatório é reduzir a alíquota padrão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em 0,70 ponto percentual, além de estabelecer um limite de 26,5% para essa alíquota. Caso esse teto seja ultrapassado, o Executivo será obrigado a encaminhar um novo PLP em até 90 dias.

Entre os pontos revertidos por Reginaldo Lopes está a reinclusão das bebidas açucaradas (como refrigerantes) no Imposto Seletivo, também chamado de "imposto do pecado", que incide sobre bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. O relatório também retira das contas de água, esgoto e saneamento o desconto de 60% para serviços de saúde, uma inclusão feita pelo Senado.

LDO e Orçamento

Além da tributária, outros pontos deverão avançar nesta terça no Congresso. A Comissão Mista de Orçamento (CMO) discutirá o relatório do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), elaborado pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO). A LDO define as metas e prioridades para o ano seguinte e serve de base para a Lei Orçamentária Anual (LOA), que estabelece o orçamento do governo. Após a aprovação na CMO, o projeto será analisado em sessão conjunta de deputados e senadores, prevista para ocorrer até quinta-feira (19).

Contudo, a votação do orçamento ainda gera incertezas, pois depende da aprovação do pacote fiscal que será discutido ao longo da semana. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), explicou que a votação do orçamento de 2025 só ocorrerá após a aprovação das medidas de contenção de gastos enviadas pelo Executivo. “Sem a aprovação do pacote de contenção de gastos, não há razão para aprovarmos o Orçamento. Um precisa se ajustar ao outro”, afirmou.

O relator da PLOA, senador Angelo Coronel (PSD-BA), afirmou que ainda não há uma "previsão fechada" para a data de votação do texto, pois está em processo de negociação com o Executivo e com membros do Legislativo para buscar um consenso. “Estamos ouvindo vários parlamentares, partidos e membros do governo para elaborar um orçamento que atenda às expectativas da população brasileira”, disse Coronel.

Dívida dos estados

Também na terça-feira (17), o Senado deve aprovar definitivamente o projeto que cria o Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag). A proposta, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estabelece novas condições para a renegociação das dívidas estaduais, que somam mais de R$ 765 bilhões, sendo que cerca de 90% desse montante se concentra em quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em troca, os estados deverão transferir alguns bens à União e priorizar investimentos em áreas essenciais como educação, saneamento e segurança.