CPI das Bets continua trabalhos em 2025

Relatora garantiu que equipe de trabalho continuará trabalhando mesmo com recesso parlamentar

Por Karoline Cavalcante

Equipe de trabalho continuará trabalhando no recesso

Apesar das tensões, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, que investiga o impacto das apostas online ilegais no Brasil, promete seguir firme em 2025. Embora o Congresso esteja de recesso, a relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), garantiu que a equipe de trabalho permanecerá ativa, e que os esforços de investigação não serão interrompidos.

Durante a última reunião do ano, realizada em 17 de dezembro, a superintendente de Fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Gesilea Fonseca Teles, reforçou a necessidade de ampliar os poderes da autarquia para combater as apostas ilegais, segundo ela, desde outubro de 2024, a Anatel já atuou no bloqueio de mais de 8.560 sites.

“E como que funciona esse bloqueio? O Ministério da Fazenda nos encaminha uma lista com sites que devem ser bloqueados. A Anatel, de posse dessa lista, comunica às prestadoras que dão acesso à internet”, disse Gesilea Teles. “Todo esse procedimento que a Anatel adota, a gente não consegue ter ingerência sobre a rede das operadoras. O que a gente faz é meramente uma comunicação de uma decisão que não é de nossa competência”, explicou.

Na ocasião, Thronicke também falou sobre os desafios enfrentados pela comissão, incluindo as graves ameaças e pressões. Ela relatou que, diante das denúncias que começaram a surgir, procurou a diretor-geral da Polícia Federal e se colocou à disposição para colaborar com as investigações autorizando a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telemático.

“Eu fui ameaçada e stalkeada. É importante que a população brasileira saiba: independentemente de qualquer investida contra a CPI, ou contra membros da CPI, nós vamos até o fim”, afirmou a senadora.

A CPI, presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), foi instalada no início de novembro, e, segundo a ementa, terá a duração de 130 dias com um limite de despesas de R$ 110 mil. O conteúdo do plano de trabalho identifica objetivos de desdobramentos divididos em oito eixos temáticos, que são: lavagem de dinheiro e evasão de divisas; direito do consumidor; transações financeiras; impactos socioeconômicos; publicidade e responsabilidade social; algoritmos e transparência nas plataformas de apostas; educação e conscientização; e impactos sobre a saúde.

Soraya Thronicke também comentou ao Correio da Manhã sobre sua posição pessoal em relação ao jogo, destacando que, embora não tenha interesse por apostas, reconhece a gravidade do problema para o país. “Sinceramente, eu não sei jogar nem baralho. Não consigo nem dizer os nomes dos naipes. Mas entendo que tudo que se torna um vício precisa de controle. Não é porque não jogo e não me interesso que o problema deixa de existir. Precisamos investigar todas as possíveis ilegalidades nesses jogos, porque temos visto famílias destruídas, pessoas se suicidando e, por fim, influenciadores e empresas lucrando bilhões”, disse.

Sobre a contribuição que poderá trazer, a relatora acredita que a investigação entrega ao cidadão informações que ele não receberia de outra forma. “A CPI tem um condão pedagógico muito grande. Por ser televisionada e por toda a imprensa acompanhar, conseguimos levar ao cidadão informações que ele não teria caso as investigações corresse em segredo de justiça. A população precisa ter ciência de como funcionam os jogos de azar online”, finalizou a senadora.