Na mira das eleições presidenciais de 2026, mais um personagem se junta na intenção de concorrer ao principal cargo do poder Executivo. O cantor sertanejo Gusttavo Lima manifestou na última semana que tem interesse em concorrer ao cargo. O caso ganhou repercussão tanto entre os fãs do artista quanto em figuras políticas do país.
Para concorrer ao cargo, Gusttavo Lima, que nunca atuou na política antes, precisa se filiar a algum partido político. Na última sexta-feira (3), o PRTB – partido do ex-coach Pablo Marçal, que disputou a corrida eleitoral para a prefeitura de São Paulo nas eleições municipais – informou que tem interesse em filiar o sertanejo para uma possível disputa. As informações são do R7.
O próprio Pablo Marçal ligou para Lima quando descobriu o interesse dele em se candidatar. “Nova safra de políticos. Liguei para o Gusttavo Lima e ele realmente está com o coração disposto a servir o nosso povo. Viveremos o pior momento econômico da nossa história nesses próximos dias e depois disso virá uma nova safra política. Bem-vindo, Gusttavo!”, informou Marçal por meio de nota, segundo o Uol.
De acordo com o especialista em direito eleitoral Erick Pereira, para o sertanejo estar apto a concorrer na disputa eleitoral, ele precisa “estar com filiação partidária seis meses antes do pleito, precisa ter a elegibilidade completa – nenhuma condenação por órgão colegiado, Tribunal de Contas, por improbidade administrativa”.
Investigado
Em setembro de 2024, o cantor foi um dos alvos da Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco, que investigava um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo apostas bets. Em 13 de dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco arquivou o caso por falta de provas contra o cantor e sócios da empresa “Vai de Bet”. Todavia, apesar do caso ter sido arquivado, ele não foi de fato encerrado.
Questionado pela reportagem, Erick Pereira afirmou que, como o artista não foi oficialmente julgado culpado, isso não impediria uma suposta candidatura. “Só o fato de estar sendo investigado, isso não influi na elegibilidade. Ele continua elegível, sem nenhum problema. O importante é que ele tenha as condições para ser candidato a presidente: a idade mínima [35 anos], domicílio eleitoral certo, filiação partidária e nenhuma condenação criminal com trânsito em julgado e nem condenação cível por órgão colegiado ou por Tribunal de Contas, seja da União ou do Estado”, explicou o advogado.
Apesar da investigação em si não impedir sua eventual candidatura, o cientista político João Felipe Marques comentou que ela pode ser um argumento contra Lima que deve ser adotado por seus adversários na disputa. Todavia, ele considera que há outros fatores que podem ser um problema para o cantor.
“Há outros fatores mais relevantes para o enfraquecimento de uma candidatura de Gusttavo Lima, como o conhecimento pouco evidenciado dos problemas sociais brasileiros, das políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, da economia, dentre outros fatores que são raramente abordados pelo cantor”, pontuou Marques.
Ele tem chances de ser eleito?
Questionado pela reportagem, o cientista político Márcio Coimbra acredita que, caso seja efetivada a candidatura de Lima, há chances do Embaixador (nome como é conhecido pro seus fãs) ser eleito. “Ele representa esse sentimento do eleitor de buscar nomes fora do plano político. O fenômeno Pablo Marçal ajuda a explicar isso. Se houver uma onda que carregue seu nome e ele tomar as decisões corretas ao longo do caminho, existe chance real sim”, destacou Coimbra.
O cientista político João Marques concorda que há chances de eleições ou uma eventual reviravolta. Por outro lado, em sua avaliação “o eleitor brasileiro já apresentou uma certa rejeição a candidatos outsiders a grandes cargos”.
“As pesquisas realizadas com uma possível candidatura de Luciano Huck à presidência, por exemplo, destacam que o eleitorado reconhece essas personalidades como ‘fora do ninho’ e, não necessariamente de maneira positiva. No caso de Milei, por exemplo, apesar de ser um outsider, se trata de um economista com um argumento bastante coerente dentro do espectro político que defendia. Essa harmonização não ocorre com todos os outsiders. Essa questão enfraqueceria, ao menos preliminarmente, as possibilidades de eleição do cantor”, explicou.
Ele ainda pontuou alguns pontos controversos que devem ser avaliados para a candidatura de Lima como “polêmicas que envolvem o seu uso de bebidas alcoólicas e ética no trabalho, questões que podem dificultar o desenvolvimento de uma campanha para um cargo como a presidência”.