A pesquisa divulgada pelo Instituto Quaest nesta segunda-feira (6) revela que 86% dos brasileiros desaprovam as invasões das sedes dos Três Poderes, ocorridas no dia 8 de janeiro de 2023. A margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou para menos.
Embora a desaprovação seja alta, observa-se uma leve queda em relação aos levantamentos anteriores. Em fevereiro de 2023, o índice de desaprovação era de 94%, e em dezembro de 2023, 89%. O percentual de "não sabe/não respondeu" subiu para 7%, contra 4% registrados anteriormente. A aprovação, por sua vez, passou de 6% em dezembro de 2023 para 7%.
Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, essa rejeição reflete a resistência da democracia brasileira e a responsabilidade da elite política nacional. “Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional”, destacou.
No recorte por regiões, o Nordeste atingiu o maior índice de reprovação aos ataques, com 87%. Em seguida, Sudeste, Centro-Oeste e Norte empatados com 86%. Por último, a região Sul com o menor índice de desaprovação, 85%.
Na divisão por gênero, feminino e masculino apresentaram o mesmo índice de rejeição, 86%. Em uma avaliação de faixa etária, escolaridade e renda também há poucas modificações. Delas, destaca-se a menor rejeição por parte das pessoas mais pobres, que recebem até dois salários-mínimos.
Lula x Bolsonaro
Entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno de 2022, 88% desaprovam os ataques, contra 6% que os aprovam. Em fevereiro de 2023, esse índice era de 97% (antes eram 2% favoráveis), e em dezembro de 2023, 94% (antes eram 4% favoráveis).
Já entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 85% rejeitam as invasões, número igual ao registrado em dezembro de 2023, mas inferior ao índice de 90% verificado em fevereiro de 2023. Enquanto 9% aprovam os atos, houve uma pequena queda em relação aos 11% de dezembro de 2023 e aos 6% de fevereiro de 2023.
Felipe Nunes comentou ainda que “ao longo do tempo, os eleitores moderados de Lula, que enxergam algum exagero nas acusações que Bolsonaro vem sofrendo tendem a relativizar suas posições. Ao mesmo tempo, os eleitores moderados de Bolsonaro, que enxergaram como graves as acusações contra o ex-presidente tendem a ficar mais severos na avaliação sobre seus atos, para não se sentirem cúmplices de algo que acreditam ser errado”.
“É imperativo que essa discussão sobre o 8 de janeiro não seja contaminada por cores partidárias, pois estamos tratando de um problema político nacional. Em jogo, estão a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia”, acrescentou Felipe Nunes.
Influência
Quanto à possível influência de Bolsonaro nos eventos de 8 de janeiro, 50% dos entrevistados responderam que, sim, avaliam que ele teve responsabilidade. No caso, esse percentual subiu: antes eram 47%, enquanto 39% afirmaram que não (eram 43%). Outros 11% não souberam ou não responderam. De lá para cá, acentuaram-se as investigações que apontam para o envolvimento do ex-presidente.
"Vale destacar a mudança na tendência do ano passado pra cá. Entre 2023 e 2024, parecia que haveria uma relativização da participação do ex-presidente na organização dos atos. Mas essa tendência não se confirmou, sugerindo mudança significativa na percepção sobre o que aconteceu", ressaltou o diretor da Quaest.
O instituto entrevistou 8.598 pessoas e foi realizado entre os dias 4 e 9 de dezembro. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos e possui uma margem de erro de um ponto percentual, para mais ou para menos.