Por: Karoline Cavalcante

Poderes se preparam para os dois anos do dia 8/1

Relógio de valor inestimável foi destruído | Foto: Reprodução/vídeo

O governo federal realizará, nesta quarta-feira (8), uma série de cerimônias em comemoração aos dois anos dos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados por manifestantes.

A programação inclui momentos simbólicos, como a restauração de obras de arte danificadas durante os ataques. Ao longo da semana, algumas peças já foram entregues ao Palácio do Planalto, com destaque para a famosa pintura "As Mulatas", de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões. Esta obra, uma das principais do Salão Nobre, foi encontrada com vários rasgos.

Além disso, conforme informações da Folha de São Paulo, na segunda-feira (6), foram entregues uma escultura de parede em madeira do artista Frans Krajcberg, avaliada em R$ 300 mil, e a escultura em bronze "O Flautista", de Bruno Giorgi, estimada em R$ 250 mil.

De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), ao todo serão recebidas 21 obras restauradas, além do relógio histórico Balthasar Martinot Boulle, do século 17, presente da corte francesa ao imperador Dom João VI, rei de Portugal, em 1808. A peça, de valor inestimável, estava em processo de revitalização na Suíça sem custo para o governo brasileiro, graças a um acordo firmado com a Embaixada da Suíça no Brasil.

Programação

A programação do 8 de janeiro terá início às 9h30, na Sala de Audiências do Palácio do Planalto, com a reintegração de duas obras restauradas: o relógio e uma ânfora, ambos considerados símbolos da complexidade e delicadeza dos reparos. Também será anunciada a conclusão do processo de restauração das obras.

Às 10h30, ocorrerá o descerramento da obra "As Mulatas". Estarão presentes cinco alunos do Projeto de Educação Patrimonial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que entregarão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva réplicas que produziram da ânfora — um vaso de barro antigo — e de "As Mulatas".

O terceiro momento será uma cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto, às 11h, com a presença de autoridades e cobertura da imprensa.

Abraço da Democracia

O evento será encerrado com o "Abraço da Democracia", na Praça dos Três Poderes. Este ato simbólico contará com a participação do presidente Lula, que, após o evento no Salão Nobre, descerá a rampa do Palácio do Planalto para se encontrar com o público. O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou sua participação na organização deste ato, que também contará com a presença de movimentos sociais e partidos políticos das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

STF

No período da tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) dedicará momentos à reflexão sobre os acontecimentos. O vice-presidente da Corte, ministro Edson Fachin, dará início, às 14h, a uma roda de conversa com servidores e colaboradores que estiveram à frente da limpeza e recuperação das instalações depredadas, além da restauração das obras danificadas durante a invasão ao STF.

Às 15h30, o Supremo receberá quatro artistas plásticos de Brasília que criaram obras a partir dos destroços da invasão. Entre as peças, destaca-se o "Manto da Democracia", de Valéria Pena-Costa, que reconstruiu simbolicamente a toga da ministra Rosa Weber, então presidente do STF, na data dos ataques.

Carppio de Morais, por sua vez, expressou o luto com uma pintura inspirada nas páginas carbonizadas da Constituição Federal. Marilu Cerqueira utilizou fragmentos de pedras e vidros para representar a destruição do Tribunal, enquanto Mário Jardim, em parceria com Valéria Pena-Costa, entregará a palavra "democracia" esculpida em espelhos fragmentados, simbolizando que, apesar do ataque, ela permanece íntegra e viva.

Para concluir a programação, o STF lançará um hotsite com informações detalhadas sobre os ataques, o processo de reconstrução e as ações de responsabilização dos envolvidos na invasão.