Por: Karoline Cavalcante

Atos do dia 8 de janeiro podem frustrar expectativas de Lula

Ato do ano passado teve presença dos três poderes | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Nos atos programados para esta quarta-feira (8), em memória aos dois anos da invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), apenas o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estará presente entre os chefes dos três poderes.

Lula havia convidado todos os ministros de governo e líderes partidários do Congresso para a cerimônia, além dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Como parte de uma tentativa de estreitar relações, também foram convidados os próximos presidentes das Casas Legislativas: o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), eleito para substituir Pacheco, e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que assumirá o lugar de Lira.

Entretanto, as intenções de reforçar laços entre os Poderes serão majoritariamente frustradas. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (7), Pacheco informou que não poderá comparecer aos eventos devido a uma viagem ao exterior, agendada com antecedência. Em seu lugar, o primeiro vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), representará a Casa. Alcolumbre, que está no Amapá, permanecerá no estado até o fim do recesso parlamentar.

Ainda não há confirmação oficial sobre a presença de Lira, embora se saiba que ele está de férias em seu estado natal, ao lado de seu pai, Benedito de Lira (PP), prefeito eleito de Barra de São Miguel (AL), que está em recuperação após uma cirurgia de emergência realizada no final de dezembro de 2024.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, também não participará dos atos. Até o momento, estão confirmadas as presenças do vice-presidente da Corte, Edson Fachin, e dos ministros do Supremo Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Cerimônias

A programação inclui momentos simbólicos, como a reintegração de obras de arte e outras peças recuperadas. Às 9h30, será devolvido ao acervo presidencial o relógio histórico Balthasar Martinot Boulle, do século 17, que foi restaurado na Suíça. Também será reintegrada uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, que foi catalogada em 180 fragmentos após a depredação. Às 10h30, ocorrerá o descerramento da obra "As Mulatas", e às 11h será realizada uma cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto, com a presença de autoridades.

Em seguida, Lula participará do "Abraço da Democracia", ato em que descerá a rampa do Planalto para se reunir com o público. O evento conta com a organização do Partido dos Trabalhadores (PT) e a presença de movimentos sociais e de partidos políticos das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

O STF também terá momentos de reflexão sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023. Às 14h, Fachin vai liderar uma roda de conversa com servidores e colaboradores que participaram da limpeza e recuperação das instalações do STF, bem como da restauração das obras danificadas. Às 15h30, o Supremo receberá quatro artistas plásticos de Brasília, que apresentaram obras criadas a partir dos destroços da invasão.

Oposição

Enquanto as cerimônias oficiais acontecem, a oposição organiza uma live em memória ao 8 de janeiro. A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) realizará o evento das 14h às 22h, com um time de jornalistas, juristas e parlamentares debatendo narrativas que, segundo a organização, têm incriminado inocentes e destruído vidas.

A programação será dividida em oito blocos, abordando temas como o andamento dos processos dos presos, denúncias internacionais e o Projeto de Lei da Anistia (PL 2858/2022), que propõe o perdão a acusados e condenados pelas manifestações de 8 de janeiro. Parlamentares da oposição também estarão presentes.