O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou, nesta terça-feira (7), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta. Ele deixará o cargo oficialmente nesta quinta-feira (9), portanto, ele ainda estará presente no evento em memória dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 como chefe da pasta. No lugar de Paulo Pimenta, assumirá o publicitário e marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de Lula à Presidência em 2022. Segundo Paulo Pimenta, a proposta de Lula é buscar agora um perfil mais técnico para o cargo.
“O presidente quer ter à frente da Secom uma pessoa que tenha um perfil diferente do que eu tenho. Um profissional de comunicação, uma pessoa que tenha experiência, que tenha talento, criatividade, capacidade de poder exercer essa tarefa e coordenar essa política de comunicação do governo no próximo período”, disse Pimenta em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.
Profissional de comunicação de longa data, Sidônio é conhecido por conduzir campanhas de diversos integrantes do PT, especialmente na Bahia – como a vitória de Jaques Wagner para o governo do estado de 2007 a 2014 e em seguida a de Rui Costa para o mesmo cargo em 2014. “Tirar alguém da classe política para colocar uma figura da iniciativa privada com experiência testada no marketing, mostra que o governo está preocupado com a comunicação”, disse ao Correio da Manhã, o coordenador de Análise Política da BMJ Consultores Associados Lucas Fernandes.
Trocas
O analista político ainda destacou que o fato de Sidônio ter sido o primeiro nas trocas ministeriais que acontecerão foi estratégico. “A reforma ministerial começa pela Secom, justamente para ter o Sidônio empossado no cargo, conhecendo a máquina pública, para conseguir capitalizar melhor na reforma ministerial que vai vir. Lula deve abrir muito espaço ao Centrão, é esperado que o PT perca um ou dois ministérios. Então, o presidente precisa de um comunicador hábil para fazer com que essas mudanças sejam bem comunicadas e não gerem ruídos com a militância”, avaliou Fernandes. Que ressaltou ainda um possível ponto de desgaste nas mudanças futuras: novas saídas de mulheres do governo.
Dentre os nomes cotados a serem substituídos na reforma ministerial estão, por exemplo, as ministras Nísia Trindade, da Saúde, e Luciana Santos, de Ciência, Tecnologia e Inovação. O analista político também avalia que, neste momento, o governo precisa de um marqueteiro experiente para “comunicar essa reforma ministerial e para tentar tirar algum capital político da entrada do Centrão, com nomes que não estão necessariamente relacionados com a ideologia de esquerda e tentar trazer o eleitor moderado”.
Mudanças
Para Lucas Fernandes, a principal missão de Sidônio será trazer uma comunicação mais assertiva que dialogue com o eleitor e, consequentemente, aumente a popularidade do presidente.
Além disso, o presidente espera que Sidônio seja mais habilidoso para conter ruídos de comunicação entre o governo e demais atores. “Sidônio chega com essa missão de aumentar a popularidade do governo, diminuir o ruído com o mercado, com agentes econômicos e fazer com que essa reforma ministerial seja muito bem vendida tanto para a militância quanto para o eleitor moderado”, pontuou.
Sindônio participou ativamente no vídeo institucional quando o ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou o pacote de corte de gastos do governo. Os que são contra ele assumir o ministério relembram a forte reação negativa do mercado financeiro com a medida.
Em contrapartida, os que são favoráveis argumentam que o vazamento de algumas informações antes de coletiva da Fazenda (um dos fatores que gerou a forte repercussão negativa no mercado) foi responsabilidade de Pimenta. Além disso, eles argumentam que, após o anúncio de Haddad, “a população entendeu que o governo estava apresentando um pacote de revisão do Imposto de
Renda que ia gerar isenção para quem ganha até R$ 5 mil” e isso foi muito bem recebido pela população, segundo pesquisas de opinião.