Por: Gabriela Gallo

Reforma ministerial busca apoio do Centrão e eleições de 2026

Sai Paulo Pimenta, entra Sidônio Palmeira | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerar o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, e anunciar o publicitário Sidônio Palmeira para assumir o cargo, uma série de mudanças nos ministérios devem ser anunciadas nos próximos dias. Pimenta atuou como ministro pela última vez nesta quarta-feira (8). Caso Paulo Pimenta não seja remanejado para um novo cargo dentro do Executivo, ele retorna ao Congresso Nacional como deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul.

A entrada de Sidônio logo no começo do ano, além de ser a primeira pasta a passar por mudanças, foi estratégica. De acordo com o cientista político e sócio da Impetus Public Affairs Breno Guimarães, a troca evidencia que o foco do governo é a eleição de 2026.

“O próprio presidente Lula mencionou que a comunicação do governo não estava funcionando, apontando falhas na coordenação e na transmissão das vitórias do governo para a população. Com essa mudança, busca-se reestruturar a comunicação governamental para ampliar os dividendos eleitorais”, disse ao Correio da Manhã.

Impactos

Mirando nas eleições de 2026, um dos principais motivos da reforma ministerial é firmar uma aliança mais sólida com o Centrão, “consolidado como peça-chave para aprovação de matérias no Congresso Nacional”. Com isso, segundo o cientista político, para alcançar esse objetivo, inicialmente “o foco do governo será nas eleições da Mesa Diretora” da Câmara dos Deputados e do Senado “e na definição das presidências das comissões, etapas fundamentais para moldar a articulação política de 2025”. Dessa forma, a reforma ministerial deve ser concluída até fevereiro, mês em que serão realizadas as eleições para as Casas do Congresso.

“O principal objetivo dessas mudanças não é apenas fortalecer a governabilidade, mas, sobretudo, consolidar a coligação eleitoral do governo. Trata-se de um movimento estratégico para integrar partidos que foram bem-sucedidos nas eleições municipais de 2024 [PSD, MDB, União Brasil e PP], garantindo maior alinhamento e apoio político com vistas à reeleição presidencial em 2026 e às disputas estaduais e federais”, afirmou Guimarães.

Além das eleições, o cientista político ainda avalia que as mudanças também buscam uma manutenção da maioria do governo no Senado. “Com 54 cadeiras em disputa em 2026, sendo a maioria ocupada atualmente por parlamentares da base governista, tanto o governo quanto a oposição buscam assegurar a maioria na Casa. Essa estratégia é fundamental para evitar processos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal e garantir indicações para a Corte. É sabido que tanto o bloco lulista quanto o bolsonarista abrirão mão de candidaturas competitivas nos executivos estaduais, ambicionando ampliar seu espaço no Senado Federal”, pontuou.

Mudanças

Entre as mudanças cogitadas, poderão sair Alexandre Padilha (ministro de Relações Institucionais) e Márcio Macedo (ministro da Secretaria Geral da Presidência da República). Uma possibilidade aventada, inclusive, é que Paulo Pimenta venha a ocupar o cargo hoje de Macedo. E que algum nome do Centrão possa ir para a vaga de Padilha, uma vez que o grupo é que detém a maioria do Congresso. Uma possibilidade, inclusive, é que o cargo venha a ser ocupado pelo comandante do Centrão, o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Questionado pela reportagem, Breno Guimarães destacou que outras pastas cobiçadas pelo Centrão são os Ministérios: da Saúde, de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, de Ciência e Tecnologia, de Educação, do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. Além disso, também estipula-se a possibilidade de o ministro de Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandoski, assumir o Ministério da Defesa no lugar de José Múcio Monteiro, o que abriria a vaga na Justiça para o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).