Por: Gabriela Gallo

Trump não convida Lula para posse, mas chama Bolsonaro

Bolsonaro tenta autorização para ir à posse de Trump | Foto: Alan Santos/PR

A posse do novo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump (partido Republicano), está agendada para a próxima segunda-feira (20). O governo brasileiro recebeu o convite para a cerimônia nesta segunda-feira (13). Porém, ele não foi direcionado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas para a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti.

Os Estados Unidos têm a tradição de não convidarem chefes de Estados para as posses presidenciais e, sim, diplomatas para representarem suas nações. Em 2009, por exemplo, o ex-presidente norte-americano Barack Obama também não convidou o então presidente brasileiro, que na época também era Lula em seu segundo mandato. “Essa prática visa enfatizar a soberania americana e evidência a desnecessidade de reconhecimento ou legitimidade pela comunidade internacional”, destacou ao Correio da Manhã a advogada especialista em direito internacional Hanna Gomes.

Essa tradição, porém, não impede os presidentes que serão empossados de convidarem autoridades, caso queiram. E, nesse sentido, Donald Trump convidou chefes de Estado de países governados pela extrema-direita, como, por exemplo, Javier Milei (presidente da Argentina), Giorgia Meloni (primeira-ministra da Itália), Nayib Bukele (presidente de El Salvador) e Viktor Orbán (primeiro-ministro da Hungria).

Laços

Segundo Hanna Gomes, a seleção específica desses convidados “sugere uma possível inclinação de Trump em fortalecer relações com governos de orientação política similar à sua, indicando que seu mandato poderá priorizar alianças com nações que compartilham ideologias conservadoras e nacionalistas”.

Além dos chefes de Estado, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) também foi convidado para a posse do presidente estadunidense. Para a reportagem, a advogada internacionalista destacou que, apesar de o atual presidente brasileiro não ter sido convidado, mas o ex-presidente sim, “o contexto da posse, por si só, não indica problemas iminentes nas relações diplomáticas entre os dois países”.

Com o início do novo mandato de Trump, é possível antecipar uma política externa mais alinhada com governos de direita e uma postura assertiva em questões internacionais. “Para o Brasil, isso pode significar a necessidade de uma diplomacia hábil para navegar nas relações bilaterais, especialmente considerando as diferenças ideológicas entre os governos de Lula e Trump. Espera-se que o governo brasileiro busque manter um diálogo construtivo com os Estados Unidos. O início do novo governo americano exigirá atenção e diplomacia por parte do Brasil para assegurar que a parceria entre as duas nações continue produtiva e estável”, completou Hanna.

Bolsonaro

Na última sexta-feira (10), Bolsonaro solicitou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes libere seu passaporte para poder viajar para os Estados Unidos entre 17 e 22 de janeiro. O passaporte dele está apreendido desde fevereiro de 2024, por determinação do magistrado para evitar uma possível fuga enquanto ele é investigado pelos inquéritos que tratam do plano de tentativa de golpe de Estado sobre as eleições presidenciais de 2022.

No sábado (11), Moraes determinou que a defesa do ex-mandatário encaminhe o documento oficial que comprove o convite. “Antes de sua análise, porém, há necessidade de complementação probatória, pois o pedido não veio devidamente instruído com os documentos necessários, uma vez que, a mensagem foi enviada para o e-mail do deputado federal Eduardo Bolsonaro por um endereço não identificado: “[email protected]” e sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado”, consta o documento.

Por meio das redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é filho do ex-presidente, disse que o se trata de um endereço temporário criado pelo Comitê da Posse Presidencial para fins de comunicação. “O domínio escolhido e criado pelo Comitê da Posse de Trump é o T47Inaugural, referência a Trump ser o 47º presidente + ‘inaugural’ que é relativo a ‘posse’ em português”, afirmou o parlamentar.

Por outro lado, diante da incerteza do ministro Alexandre de Moraes em permitir a viagem, Bolsonaro estuda a alternativa de mandar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e seus filhos Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para representá-lo na posse de Trump. As informações são do jornal O Globo.