Por: Karoline Cavalcante

PGR denuncia Léo Índio por envolvimento no dia 8/1

PRF foi acusada de tentar impedir trânsito de eleitores | Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, por seu suposto envolvimento nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Naquele dia, os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal foram invadidos e depredados em Brasília.

O documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) o denuncia por associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado. Na argumentação, a PGR utilizou imagens divulgadas por Léo Índio em suas redes sociais nas proximidades dos ataques.

Na última sexta-feira (17), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do caso, autorizou o levantamento do sigilo do processo. Na decisão, ele argumentou que embora inicialmente houvesse a necessidade de sigilo, o oferecimento da
Denúncia pela PGR autoriza o levantamento da restrição.

A defesa de Léo Índio afirmou que “não existem efetivas provas, nos autos, quanto à participação dele no cometimento dos referidos crimes”.

“Não há testemunhas, não há provas/imagens de que ele tenha ingressado na sede do Congresso Nacional, tenha estado no interior do Palácio do Planalto, tenha acessado as dependências do Supremo Tribunal Federal, de que ele tenha provocado quaisquer danos ao patrimônio da União e/ou causado deterioração do patrimônio tombado. Portanto, trata-se de denúncia inepta”, informaram os advogados à CNN.

Embora se apresente como “sobrinho de Bolsonaro”, Léo Índio é, na verdade, primo dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) —, por parte da mãe, Rogéria Nantes, ex-mulher de Bolsonaro. Além disso, já chegou a trabalhar como assessor de Carlos e foi candidato a deputado distrital em 2022 pelo PL.

Polícia Rodoviária

A Polícia Federal (PF) indiciou também quatro ex-agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por supostamente impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste no segundo turno das eleições de 2022. Eles foram acusados pelos crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito do voto e participação, por omissão, no crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito

Fazem parte da lista o ex-diretor de Inteligência da PRF e ex-superintendente no Rio Grande do Sul, Luis Carlos Reischak Júnior; o ex-coordenador de Inteligência na diretoria de Inteligência da PRF, Rodrigo Cardozo Hoppe; o ex-diretor de Operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, e o ex-coordenador de Inteligência da PRF, Adiel Pereira Alcântara. O ex-coordenador de Inteligência e Contrainteligência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bruno Nonato dos Santos Pereira, também está entre os nomes.

Em dezembro, os indiciamentos foram enviados ao STF. Em agosto de 2024, a PF indiciou o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques por suspeita de utilizar a corporação para atuar na tentativa de mudar o resultado do pleito eleitoral, ocorrido em 30 de outubro de 2022. Ele ficou preso preventivamente por quase um ano.

Naquela data, foram realizadas blitz policiais em estradas e rodovias que atrapalharam os eleitores, sendo que o maior efetivo da PRF foi registrado no Nordeste. A localidade representava vantagem nas pesquisas de intenção de voto para o atual chefe do executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição.