Por: Karoline Cavalcante

Desaprovação do trabalho de Lula apresenta o maior índice

Pesquisa aponta pior momento do governo Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pela primeira vez, o índice de desaprovação do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou o de aprovação. De acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira (27) pelo Instituto Quaest para a Genial Investimentos, 47% dos entrevistados afirmaram aprovar a gestão, enquanto 49% declararam não aprovar. Outros 4% não souberam ou não responderam. Este é o maior índice de desaprovação registrado desde a primeira pesquisa, realizada em fevereiro de 2023.

Em relação ao último levantamento, feito em dezembro de 2024, a aprovação do atual chefe do Palácio do Planalto caiu 5 pontos percentuais — passou de 52% para 47%. Já a desaprovação subiu 2 pontos percentuais, de 47% para 49%.

O Nordeste segue sendo a região de maior aprovação de Lula, mas foi também onde o presidente registrou a maior queda entre seus eleitores. A aprovação caiu de 67% para 59%, enquanto a desaprovação aumentou de 32% para 37%. No Sul, Lula perdeu 7 pontos percentuais: sua aprovação caiu de 46% para 39%, enquanto a desaprovação subiu de 52% para 57%.

Faixa etária e renda

Ao analisar as faixas etárias, percebe-se que a aprovação à gestão de Lula é mais alta entre os eleitores com 60 anos ou mais (52%). A desaprovação, nesse grupo, manteve-se em 40%. Nas faixas etárias de 16 a 34 anos e de 35 a 59 anos, ambos os grupos apresentaram 52% de desaprovação.

Outro dado relevante é a queda na popularidade de Lula entre a população com menor renda. Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, a aprovação caiu de 63% para 56%, enquanto a desaprovação aumentou de 34% para 39%. Para os que recebem até cinco salários mínimos, a desaprovação subiu de 50% para 54%, enquanto a aprovação caiu de 48% para 43%. Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a perda de apoio no Nordeste e entre a população de baixa renda significa que “o governo está perdendo uma base importante que deixa de defendê-lo”.

Direção errada

Quando questionados sobre a direção do país, 50% dos entrevistados afirmaram que o Brasil está indo na direção errada, 39% acreditam que está indo para a direção certa, e 11% não souberam ou não quiseram responder. Em relação às promessas de campanha, 65% consideram que Lula não tem conseguido cumprir o que prometeu, contra 30% que acreditam que ele tem cumprido suas promessas.

Sobre a economia brasileira, 39% dos entrevistados afirmaram que piorou nos últimos 12 meses, 32% acreditam que permaneceu do mesmo jeito e 25% disseram que melhorou. Além disso, 83% dos entrevistados avaliam que o preço dos alimentos nos mercados aumentou. Questionados sobre a proposta de alterar o sistema de validade dos alimentos, 66% se declararam contrários à mudança e 22% favoráveis.

Pix

A maioria dos participantes da pesquisa (43%) afirmou que as notícias negativas sobre o governo têm se sobressaído. Outros 28% consideram as notícias mais positivas. Em uma pesquisa espontânea, a regulação do Pix foi a notícia mais negativa (11%), enquanto o aumento do valor do Bolsa Família foi considerado a mais positiva (7%). Quanto à maneira como o governo tem lidado com a polêmica do Pix, 66% dos entrevistados acreditam que houve mais erros do que acertos.

A avaliação da comunicação do governo até o momento não foi boa, 53% dos entrevistados considerou negativa, 18% positiva e 23% regular. Na avaliação do professor de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Bertholini, o governo tem acumulado uma série de desconfianças e possui muita dificuldade em combater a mobilização da oposição nas redes, porém, ainda há espaço para a recuperação até 2026. “Ele vai ter que ver uma forma de reverter esse processo, que apesar de existir espaço, não é nada fácil”, afirmou ao Correio da Manhã.

Foram entrevistados 4.500 eleitores em todo o Brasil entre os dias 23 e 26 de janeiro. A margem de erro é de 1 ponto percentual (para mais ou para menos), com um nível de confiança de 95%.