Ricardo Nunes afasta radicais mirando governo
Grupos do PL criticaram escolhas do prefeito para o secretariado de São Paulo
As escolhas feitas pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para seu segundo mandato à frente da administração municipal parecem estar mais voltadas para o cenário político de 2026 do que propriamente para as demandas imediatas da cidade. É o que avalia o cientista político Marco Teixeira. De acordo com ele, Nunes estaria se posicionando estrategicamente para uma possível candidatura ao governo de São Paulo, caso o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decida concorrer à presidência da República nas próximas eleições.
Teixeira explica que, no contexto atual, a movimentação de Nunes é natural, visto que a política paulista ainda não tem uma definição clara sobre o futuro da direita no Estado. “Se houver uma movimentação de Tarcísio para a presidência da República, certamente o Nunes passa a ver com olhos desejosos, digamos assim, a candidatura ao governo do Estado porque a direita em São Paulo não teria outro nome”, diz o cientista político.
A análise também aponta que, em seu esforço de formar um governo equilibrado, o prefeito tem enfrentado dificuldades para conciliar interesses de diferentes grupos dentro da base aliada, o que gerou certo descontentamento, especialmente entre setores mais ligados ao Partido Liberal (PL).
Secretaria
O coronel da Polícia Militar, Ricardo de Mello Araújo (PL), atual vice de Nunes, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e era cotado, para além do seu posto, assumir a Secretaria de Projetos Estratégicos. A expectativa, porém, foi frustrada e Edson Ortega, que já ocupava a função, permaneceu no cargo.
Em conversa com a imprensa, na última quinta-feira (3), Ricardo Nunes exaltou o trabalho do vice-prefeito, afirmando que uma nomeação para secretaria não se fazia necessária. Além disso, anunciou que Mello Araújo ficará responsável pelo grupo de trabalho que vai cuidar da Cracolândia.
“Pode ter a nomeação, mas isso não muda muito porque ele é o vice-prefeito. Ele quem vai coordenar a questão do plano de chuvas, e com a força de vice-prefeito, ele tem uma articulação melhor com todas as secretarias. Ele vai acompanhar e atuar na gestão. A questão de ter a função ou não, não interfere com relação ao trabalho, ele é o responsável das questões estratégicas da cidade de São Paulo, mas no âmbito geral”, disse o prefeito.
O presidente municipal do PL, Isac Félix, disse ao Portal UOL que esperava “mais reconhecimento” à sigla, que ficou responsável por duas secretarias. "Temos duas secretarias e não é do tamanho que o PL mereça. Com dois vereadores, tinha uma [secretaria], com sete, temos duas. O tamanho do PL triplicou, demos mais de 500 mil votos para o Ricardo", iniciou.
“Fui um dos mais que trabalhei para que o PL apoiasse Nunes e tínhamos expectativa de sermos reconhecidos com secretarias maiores, e não veio. Houve um empenho muito forte do PL. Esperávamos mais reconhecimento”, acrescentou Félix.
Os nomes dos escolhidos do PL são o ex-prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL), para a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e o ex-prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado (PL), que assume a Secretaria de Desestatização e Parcerias.
Contrariando às especulações, Mello Araújo explicou que Nunes ofereceu a escolha pela secretaria e ele que não aceitou. “Eu vou deixar bem claro, é bom para todo mundo entender: eu pedi para o prefeito Ricardo Nunes, eu falei assim ‘eu quero ser vice-prefeito, eu não quero ser secretário’”, iniciou. “Eu quero ajudá-lo a fazer essa cidade voar, fazer essa cidade melhor do que está, e se você fica em uma secretaria o teu foco passa a ser específico, você só enxerga a secretaria”, acrescentou. A declaração foi dada em entrevista ao canal AuriVerde Brasil nesta quinta-feira (9).