AGU pode acionar judicialmente Meta
Instituição destaca que discussões sobre empresa devem acontecer nesta semana
As repostas do governo brasileiro perante as mudanças das diretrizes do grupo Meta (empresa responsável por administrar as redes sociais Facebook, Instagram e Whatsapp) seguem incertas. Após ser notificada extrajudicialmente pela Advocacia-Geral da União (AGU) para que esclareça sobre a suspensão do sistema de checagem de informações falsas e mudanças nas diretrizes internas, a empresa disse que responderia à AGU ainda nesta segunda-feira (13) – data limite proposta pela advocacia. Caso a empresa não se manifeste dentro do prazo, o advogado-Geral da União, Jorge Messias, declarou que deve acionar judicialmente a Meta. Até o fechamento desta edição, a Meta não tinha enviado a resposta.
Qualquer medida proposta pelo governo federal sobre as mudanças será decretada após a resposta da Meta. Ao Correio da Manhã, a AGU informou que, mesmo a Meta cumprindo o prazo estabelecido, a instituição se manifestará sobre o documento nos próximos dias. Primeiro, o documento será encaminhado para ser analisado pela equipe da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD/AGU) para ser devidamente analisado.
“O documento também será analisado e discutido em reunião técnica que deverá ocorrer ainda esta semana sob a coordenação da AGU com a participação de representantes dos ministérios que têm envolvimento com a matéria, a exemplo das pastas da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR). Somente após essa análise, a AGU, em conjunto com os demais órgãos, decidirá quais serão os próximos passos em relação ao assunto”, reforçou a AGU.
Relembre
No dia 7 de janeiro, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, divulgou que a empresa encerraria o sistema de checagem de notícias falsas em suas nas redes sociais. No lugar dos checadores oficiais, será adotado o sistema já adotado pelo “X” (antigo twitter) de “notas de comunidade”. As novas diretrizes da Meta ainda permitem insultos e pedidos de exclusão de grupos em debates sobre imigrantes, mulheres, homossexuais e transgêneros. Todas as mudanças já estão em vigor nos Estados Unidos e chegarão ao Brasil em breve.
Tudo isso visa garantir a “plena liberdade de expressão” que, segundo Zuckerberg, estava sendo limitada e censurada pelas equipes de checagem. No entanto, uma nota conjunta dos checadores de fatos pelo mundo, divulgada em 9 de janeiro, alega que era a própria Meta que definia “como e se os conteúdos apontados como falsos pelos verificadores deveriam ser removidos, freados ou rotulados”.
Enquanto no Brasil o conceito de “liberdade de expressão” é relevante, porém não é absoluto, nos Estados Unidos a definição é mais ampla, independentemente do que seja dito ou feito.
No documento encaminhado pela AGU na última sexta-feira (10), os advogados da União argumentaram que informações falsas, desinformação e o discurso de ódio enfraquecem a confiança nas instituições democráticas. Eles ainda alegam que as novas diretrizes da Meta demonstram a possibilidade de violações a direitos fundamentais no ambiente digital com desrespeito à Constituição Federal e à legislação brasileira.
Repercussão
Após o anúncio, representantes da Meta no Brasil entraram na mira da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Nesta segunda-feira (13), a deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP), títular da comissão, disse que pretende convocar o diretor-geral da Meta no Brasil, Conrado Leister, a prestar depoimento na comissão para esclarecer o que a empresa fará para tentar combater a desinformação e discursos de ódio que possam atingir crianças e adolescentes. Para o caso ser concretizado, o tema precisa ser aprovado pelo presidente da Comissão de Educação, deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que, porém, é um dos parlamentares favoráveis às mudanças propostas pela empresa norte-americana.
Além disso, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) acionou o Ministério Público Federal (MPF) a fim de tentar obrigar a Meta a manter a política de checagem de informações. As informações são da Folha de São Paulo.
Com as mudanças, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teme perder parcerias e convênios que firmou com a empresa para o combate de notícias falsas. As informações são da CNN Brasil.