De volta ao auge, Hotel Nacional quer ser palco de eventos

Dados mostram um crescimento na taxa de ocupação em 2024

Por Karoline Cavalcante

Ícone da arquitetura, Hotel Nacional é patrimônio da humanidade

Inaugurado em 1972, o Hotel Nacional, localizado no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, segue como um dos principais ícones da cidade. Com uma arquitetura modernista assinada por Oscar Niemeyer e paisagismo de Burle Marx, por um tempo o hotel viveu uma situação de crise. Chegou a ficar fechado por mais de vinte anos. O hotel voltou ao seu auge. E se mantém no imaginário carioca, atraindo não apenas turistas, mas também os olhos de quem aprecia a beleza histórica e cultural do Rio.

Em 2024, o hotel experimentou um crescimento significativo em sua taxa de ocupação, alcançando 12,5% a mais em comparação com o mesmo período de 2023, com ocupação média de 73% e movimentação mensal entre 15 e 20 mil pessoas. O edifício conta com 413 quartos distribuídos em 29 andares, com sete tipos diferentes de acomodação, que oferecem vistas para a Praia de São Conrado, o Morro Dois Irmãos, a Pedra da Gávea e a Pedra Bonita.

Entre as experiências oferecidas estão dois restaurantes, lounge bar, academia, spa, espaço para crianças, piscina climatizada, o jardim Burle Marx, quiosque à beira-mar e uma piscina climatizada. Na programação fixa, o público é atraído também por uma feijoada com roda de samba que acontece aos sábados de 12h às 16h.

Cultura e arte

O Hotel Nacional não é apenas um local de hospedagem, mas uma verdadeira galeria de arte. Entre suas obras mais emblemáticas, destaca-se uma luminária gigantesca, em papel machê, criada pelo artista Pedro Correia de Araújo, que remete à cauda de uma sereia e dá boas-vindas aos visitantes na entrada. Outra peça notável é o "Painel de Carybé", do argentino Hector Carybé, com quase 300 peças que ocupam mais de 20 metros de parede. Além disso, a famosa escultura "A Sereia", em bronze, de Alfredo Ceschiatti, e o mosaico de azulejos brancos e azuis de Athos Bulcão.

"Se o Rio é uma cidade de vanguarda, o Hotel Nacional é um reflexo perfeito dessa modernidade", afirmou ao Correio da Manhã Francisco Guarisa, gerente de Marketing e Comunicação do hotel. "Aqui, não só respiramos a cultura carioca, mas a vivemos, sendo um verdadeiro centro de arte com obras de renomados artistas brasileiros e internacionais."

A história do Hotel Nacional é marcada por sua trajetória como palco de eventos culturais e grandes apresentações. Durante as décadas de 70 e 80, o hotel foi o local de preferência de estrelas internacionais como Stevie Wonder, The Jackson Five e James Brown, além de ter sido a sede de importantes festivais, como o Free Jazz Festival e o Festival de Cinema do Rio. Em 1998, em uma cerimônia solene realizada em Paris, na França, foi reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um status que somente esse hotel brasileiro possui.

Multipropriedade

O hotel também trabalha com um sistema de multipropriedade, que permite aos hóspedes comprar uma fração de um apartamento para usar durante determinado período do ano. Segundo o Diretor de Multipropriedade do Hotel Nacional, Eric Sussumi, esta modalidade oferece uma série de vantagens adicionais.

"Hoje, a multipropriedade possui um modelo muito diferenciado de negócio, que transcende os benefícios de hospedagem e/ou rentabilidade, de acordo com cada objetivo. O nosso empreendimento oferece uma série de vantagens adicionais com descontos exclusivos, que agregam valor ao negócio. Por exemplo, os passeios, day use, serviços diferenciados, check-in exclusivo e muito mais", explicou Sussumi.

G20

Em junho do ano passado, o Hotel Nacional abriu portas para receber a Trilha de Sherpas, encontro dos ministros das Relações Exteriores que fazem parte do G20 — que foi presidido pelo Brasil em 2024 —, para acompanhar as negociações entre os países e debater os temas prioritários para o grupo. Em novembro, quando aconteceu a Cúpula do G20, a delegação da Índia, liderada pelo primeiro-ministro Narendra Modi, se hospedou no hotel com cerca de 250 pessoas. Uma parte da embaixada da Nigéria também optou por se hospedar no local.

Percalços

Entretanto, o hotel passou por períodos difíceis. Após o fechamento em 1995, o presidente eleito dos Estados Unidos da América (EUA) Donald Trump, que também é empresário no ramo hoteleiro mundial, mostrou-se interessado em comprar o imóvel para restauração em 2003. Porém, não foi adiante. Foi somente em 2016, sob a bandeira da Meliá, com o nome de Gran Meliá Nacional Rio de Janeiro que o hotel reabriu as portas. No entanto, a parceria com a rede hoteleira não durou, e o hotel fechou novamente em 2018. Foi só em 2019 que foi reaberto como “Hotel Nacional”, como segue até os dias de hoje.

Recentemente, o hotel se destacou no Réveillon de 2024, que foi batizado como *Réveillon Niemeyer*. Com uma taxa de ocupação de 96%, o evento atraiu cerca de 2.800 pessoas para a festa de virada de ano, que contou com shows de artistas como Mumuzinho, Naldo Benny e a Bateria do Salgueiro. De acordo com o gerente-geral do empreendimento do HC, Mauricio Júnior, o ponto alto da noite foi a cascata de luzes que cobriu a icônica torre cilíndrica de 104 metros do edifício, proporcionando um espetáculo visual que encantou moradores e turistas.

"A nossa cascata, hoje em dia, é marca registrada do Hotel Nacional. O bairro inteiro aguarda com ansiedade pela atração, que é muito bonita e marcante", destacou Mauricio Júnior.

Além de sua relevância cultural e histórica, o Hotel Nacional também se prepara para ampliar sua atuação em eventos corporativos e culturais. Para 2025, um dos principais planos é resgatar a memória afetiva daqueles que possuem ligação com o hotel e sua tradição no apoio à música brasileira. A proposta para o carnaval deste ano está em fase de negociação, com a possibilidade de contar com uma escola de samba (bateria, passistas e puxadores) e um artista renomado do MPB.

"Acreditamos que, com a continuidade do trabalho, uma abordagem bem direcionada e um foco renovado nas oportunidades de Grupos e Eventos, conseguiremos não apenas atender, mas superar nossas metas para 2025. A nossa proposta é fazer do Hotel Nacional um espaço de excelência", destacou o gestor Alexandre Monteiro, responsável por Eventos de Negócios.