Por: Karoline Cavalcante

Queda do dólar e safra vão reduzir preço dos alimentos, diz Haddad

Haddad crê que preços dos alimentos logo cairão | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evitou comentar sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito do preço dos alimentos, quando sugeriu que as pessoas parassem de comprar quando encontrassem produtos caros. Em entrevista à Rádio Cidade de Caruaru, na última sexta-feira (7), Haddad afirmou que a redução do dólar e a expectativa de uma safra recorde em 2025 contribuirão para a queda dos preços dos alimentos no “médio prazo”. A fala do ministro ocorreu um dia após o presidente sugerir que a população brasileira evite adquirir alimentos com preços elevados como forma de pressionar a redução dos valores.

Haddad também apontou que medidas como o aumento real do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) e a reforma tributária farão parte da estratégia do governo federal para estabilizar o dólar e colocá-lo em um "patamar mais adequado". De acordo com ele, esses fatores devem refletir em uma diminuição gradual dos preços nas próximas semanas.

O ministro explicou que a valorização do dólar no cenário mundial foi impulsionada pela eleição do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump (Republicano) em novembro de 2024. “Agora, se você acompanha o que está acontecendo, o dólar está perdendo força, chegou a R$ 6,30 no ano passado e hoje está na casa dos R$ 5,70 e poucos. Isso também colabora para redução do preço dos alimentos no médio prazo”, iniciou.

“Porque apesar de nós sermos grandes exportadores de alimento, quando você exporta o alimento, você exporta em dólar. Então, se o produtor aqui está recebendo mais em reais em virtude do dólar ter se apreciado, isso acaba tendo impacto nos preços internos”, prosseguiu o titular da Fazenda, que ressaltou que o mesmo deverá acontecer em relação ao preço dos combustíveis.

Safra

Segundo o ministro, o Plano Safra do ano passado foi o “melhor da história” e também ajudará a normalizar a situação. O Plano Safra é um programa de incentivo do Governo Federal para o setor agropecuário, que tem por objetivo oferecer linhas de crédito e políticas agrícolas para os produtores rurais. “O Plano Safra do ano passado foi o maior da história e a partir de março vamos começar a colher a safra, que vai ser recorde. Vamos colher como nunca colhemos alimentos e também grãos. Tem o ciclo do boi também (ciclo pecuário que direciona os preços do boi no mercado) que está no final e isso tudo vai ajudar a normalizar essa situação”, afirmou Haddad.

Durante a entrevista, o ministro atribuiu a queda no poder de compra dos brasileiros à gestão dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), destacando que "não é possível corrigir sete anos de má administração em dois". Haddad ressaltou que, mesmo com o aumento recente de preços devido a fatores como seca, inundação no Rio Grande do Sul, e a flutuação do dólar, a situação atual ainda é mais favorável do que a que foi herdada pelo governo de Lula após o governo Bolsonaro.

O presidente Lula tem convocado reuniões com os ministros de seu governo para buscar alternativas para baixar os preços dos alimentos. Na quinta-feira (6), em uma fala que causou repercussões, o petista defendeu que a população precisa passar por um “processo educacional" para evitar a compra de alimentos com preços elevados, sugerindo que a troca por produtos similares pode ser uma solução para reduzir os preços. "Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque, senão, vai estragar", disse o chefe do Palácio do Planalto.