Por: Da Redação

Lula avalia Boulos para ministério

Boulos pode ser a opção para a Secretaria-Geral | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A nomeação de Gleisi Hoffmann (PT) para a articulação política acendeu o debate sobre o novo titular da Secretaria-Geral da Presidência, vaga para a qual a petista já esteve cotada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia o nome do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) para o cargo, caso deseje substituir Márcio Macêdo, também do PT.

De acordo com interlocutores do presidente, Lula já mencionou em conversas o nome de Boulos, seu candidato à Prefeitura de São Paulo no ano passado. Liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos ocuparia a pasta responsável pela interlocução com movimentos sociais.

Aguerrido

Atual ocupante da função, Macêdo foi tesoureiro da campanha de Lula à presidência em 2022. Por seu perfil aguerrido, Boulos se enquadraria em um dos critérios que levaram à escolha de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais: a disputa política.

Outro nome lembrado para a Secretaria-Geral é o do advogado Marco Aurélio Carvalho. Coordenador do grupo de advogados Prerrogativas, que é alinhado ao governo, ele foi um dos defensores do presidente durante os processos da Operação Lava Jato. Seu nome foi cotado para a função durante a montagem do governo, em 2022. Como não seria candidato em 2026, poderia permanecer no cargo até o fim do governo.

A nomeação de Boulos, por sua vez, exigiria um xadrez partidário. O Psol já está à frente do Ministério de Povos Indígenas, com Sônia Guajajara, e auxiliares apontam que ocupar duas pastas não seria proporcional ao tamanho do partido.

Além disso, há hoje um segmento do Psol que é mais crítico ao governo e defende um distanciamento do Palácio do Planalto.

Uma das possibilidades aventadas seria a filiação de Boulos ao PT - algo para o que seus aliados vêm pressionando-o já há algum tempo.

Reforma

A mudança na Secretaria-Geral é uma das esperadas da reforma ministerial, que começou com duas trocas nas últimas semanas. A ministra Nísia Trindade foi substituída na Saúde por Alexandre Padilha (PT). Ele comandava as Relações Institucionais, pasta da articulação política, que ficará sob o comando de Gleisi.

O nome da presidente do PT era um dos que circulavam para a Secretaria-Geral, assim como os dos deputados federais José Guimarães (PT-CE) ou Paulo Pimenta (PT-RS), que foi o secretário de Comunicação da Presidência, substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira. Essa pasta não é alvo do Centrão, diferentemente da Secretaria das Relações Institucionais, para qual reivindicava um nome do MDB, do PP ou do Republicanos.

Em conversas, Lula chegou a dizer que considerava Boulos mais petista do que alguns filiados ao PT.

Boulos, durante a transição de governo, já havia sido cotado para assumir algum ministério, tendo feito parte do grupo de trabalho de Cidades. Mas isso não ocorreu, uma vez que ele já era à época pré-candidato à prefeitura.

Sob influência de Lula, o PT abriu mão de candidatura na maior cidade do país para apoiá-lo. Boulos chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB), reeleito com o apoio do bolsonarismo.

Catia Seabra e Marianna Holanda (Folhapress)