Por: Gabriela Gallo

Lula e Zema trocam farpas sobre tamanho de governo

Lula foi atacado por Zema, e respondeu | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Durante um evento em Betim (MG), o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), trocaram farpas publicamente. As desavenças aconteceram nesta terça-feira (11), durante o evento de inauguração do Centro Stellantis de Desenvolvimento de Produto e Mobilidade Híbrida-flex, em Betim.

Durante a cerimônia, Zema alegou que recebeu um estado “quebrado e desacreditado”, que não pagava a folha de pagamento de seus funcionários, tampouco repassava os recursos dos municípios mineiros. A declaração foi uma crítica direta ao ex-governador do estado, Fernando Pimentel (PT) que atuou de 2015 a 2018 e hoje preside a Empresa Gestora de Ativos (Emgea). Zema foi eleito em 2018 e reeleito em 2022.

Além disso, ele criticou equipes governamentais compostas por muitas pessoas, alegando que reduziu o número de secretarias de estado. “Apesar de sermos o segundo estado mais populoso do Brasil, somos o que tem o menor número de secretarias, 14. Mas, para um time ganhar campeonato, não precisa colocar 20, 30 jogadores em campo não. Precisa é de 11 craques e é o que nós temos feito aqui”, declarou.

Aí, a crítica foi direta a Lula. Atualmente, o governo federal tem 39 ministérios.

Mordomias

O governador de Minas ainda citou que pode ser considerado um exemplo para demais governadores porque não mora na residência oficial e abriu mão de “mordomias” oferecidas para o Executivo local. “Não tenho as 32 empregadas que os ex-governadores tinham. Continuo levando a minha vida que eu sempre levei na iniciativa privada, sem nenhum tipo de mordomia”, afirmou Zema.

Esta não foi a primeira vez que o mineiro proferiu críticas públicas ao governo federal. O governador usou suas redes sociais em 14 de janeiro para criticar o presidente Lula por vetar trechos do Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados (Propag). Na época, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou o veto alegando que o governador de Minas Gerais “aumentou o próprio salário” durante vigência de medidas de contenção de gastos para pagamento da dívida.

“Com vetos ao Propag, Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias. Enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no [Palácio do] Alvorada e um cartão corporativo sem transparência”, criticou Zema, em suas redes sociais.

Resposta

Após as acusações, o presidente Lula rebateu as críticas do mineiro assim que tomou posse do microfone. “O importante não é discutir se você tem um ou dez, o importante é discutir a qualidade das pessoas que você tem, dos compromissos que as pessoas têm. Eu não quero um cara só formado em filosofia, em engenheira, em qualquer coisa […] mas quero pessoas que tenham, antes de tudo, sensibilidade no coração para entender o problema da sociedade brasileira, como vivem as pessoas”, retrucou o presidente da República.

Em relação à pauta econômica, ele ressaltou que a economia do estado também estava em crise na gestão anterior. “Precisou eu voltar à Presidência para que a economia voltasse a crescer. Ela não crescia há quanto tempo? O Zema não lembra há quanto tempo a economia não crescia 3%. Precisou entrar um cara de sorte, com uma equipe de sorte, para fazer a economia crescer dois anos seguidos”, ressaltou Lula.

Romeu Zema é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em declarações anteriores, o mineiro disse que “não tem pretensão” de concorrer à presidência da República em 2026, mas caso seja convocado e indicado como representante da direita, aceitaria a missão.