Em meio às negociações para conceder anistia aos presos envolvidos nos atos contra as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados convocam eleitores e aliados para uma manifestação neste domingo (6), às 14h, na Avenida Paulista (SP). Apesar de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ter tornado Bolsonaro e outros sete indicados réus por tentativa de golpe de Estado, a expectativa é que o ex-presidente mantenha a postura que adotou no ato da praia de Copacabana (RJ): criticar moderadamente os ministros da Suprema Corte e deixar as críticas mais incisivas para o pastor Silas Malafaia, o organizador do evento.
Nesta quinta-feira (3), o pastor evangélico publicou um vídeo em suas redes sociais convocando para a manifestação de domingo. Além de Malafaia, participaram do vídeo oito líderes religiosos que pedem a anistia dos envolvidos nos atos de 8 janeiro e convocam os fiéis para participar dos atos. A medida é uma nova estratégia para tentar levar um maior número de pessoas para a manifestação a partir do peso que têm essas lideranças religiosas.
“Não podemos nos calar diante de uma injustiça, ao ver patriotas sendo condenados por pura perseguição política. […] Devemos orar pelo Brasil sim, e estamos fazendo isso. Mas não podemos nos esconder atrás de uma pseudoreligiosidade e nos omitir diante desse momento crucial na história do Brasil”, reiterou Silas Malafaia no vídeo.
Pastores
No vídeo aparecem o pastor Jorge Linhares, presidente da Igreja batista Getsêmani, que conta com mais de 400 mil membros no país. Além dele, o bispo Abner Ferreira, presidente da Assembleia de Deus em Madureira – as últimas informações do total de fiéis da igreja são de 2013, mas já nessa época, a igreja contabilizava nove milhões de membros. O vídeo ainda conta com a apoio do apóstolo César Augusto, fundador da Igreja Fonte da Vida, que tem 600 igrejas espalhadas por todo país com quase três milhões de membros.
Silas Malafaia espera que o ato pela anista nesse domingo seja muito maior do que o ato no Rio de Janeiro. Além da diferença populacional entre os estados (enquanto o Rio tem 6,2 milhões de habitantes, São Paulo tem 11,4 milhões), o pastor avalia que a Avenida Paulista se tornou o palco das principais manifestações políticas do país.
Convites
Além de Bolsonaro, estão previstos para discursar na manifestação: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro; o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG); a líder da minoria na Câmara dos Deputados, Caroline De Toni (PL-SC), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além do próprio Tarcísio, confirmaram presença na manifestação os mesmos governadores que participaram no ato de Copacabana. São os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Bolsonaro ainda convidou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (PL), e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Até o fechamento desta reportagem, nenhum dos dois confirmara presença. Ambos manifestam apoiam ao projeto da anistia e são pré-candidatos à presidência da República em 2026.
Os convites são um movimento de Jair Bolsonaro para se reaproximar dos demais governadores da direita e tentar reafirmar sua influência na política. No mesmo dia do lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Caiado a presidência, nesta sexta-feira (4), Bolsonaro se encontra com Ratinho Jr na Expo Londrina, uma feira de agricultura e indústria que dura até o dia 13 de abril.
