Em busca de melhorar sua imagem perante a população, o governo federal realizou, nesta quinta-feira (3), um evento para apresentar o balanço dos dois primeiros anos da atual gestão. Durante a cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas à administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Lula, ao retornar ao Palácio do Planalto, encontrou o Brasil “em ruínas” e precisou reconstruir o país para que ele voltasse ao rumo certo. A solenidade, intitulada "O Brasil Dando a Volta por Cima", aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), e contou com a presença de ministros de Estado, parlamentares, autoridades e representantes da sociedade civil.
“Quando cheguei pela terceira vez à Presidência, a sensação que tive foi a de uma pessoa que volta para casa depois de muito tempo, e, em vez da casa, só encontra as ruínas. Foi a mesma sensação de um trabalhador rural que volta ao campo para plantar e só encontra a terra arrasada. O Brasil era uma casa em ruínas. Uma terra arrasada”, declarou.
Durante o evento, Lula assinou o decreto que antecipa o pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com pagamento previsto para os meses de abril e maio. Além disso, regulamentou o uso do Fundo Social para repassar R$ 18 bilhões oriundos do Pré-Sal ao programa Minha Casa Minha Vida. O presidente também voltou a prometer a ampliação do programa habitacional para atender famílias de classe média com renda de até R$ 12 mil. Outra novidade foi o anúncio da implementação da TV 3.0, que visa integrar completamente os canais de TV aberta à internet.
No total, o governo federal anunciou 36 medidas no balanço. Entre elas, projetos voltados para a recuperação econômica, redução da fome e da pobreza, acesso ao trabalho e investimentos em áreas como educação, saúde, infraestrutura e relações exteriores. "Sabemos dos enormes desafios que temos pela frente, mas também sabemos da extraordinária força de vontade e da capacidade de trabalho do povo brasileiro", afirmou o presidente.
Campanha Eleitoral?
Questionado sobre o tom de campanha eleitoral do evento, o ministro da Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), Sidônio Palmeira, considerou a interpretação equivocada. "Na verdade, o principal objetivo do evento é divulgar as ações do governo, mostrar à população os serviços que estão por vir, para que possam utilizá-los. Tem algo de errado nisso? Isso tem a ver com campanha política? Eu, como ministro, não penso em campanha política. Penso no governo, objetivamente nisso", afirmou Palmeira à imprensa.
A declaração ocorre no mesmo dia em que a pesquisa Genial/Quaest revela que 62% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria ser candidato à reeleição em 2026. Esse número representa um aumento de dez pontos percentuais em relação ao levantamento realizado em dezembro de 2024.
Tarifaço
Em relação às recentes elevações de tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), que afetaram países ao redor do mundo, Lula afirmou que tomará todas as medidas necessárias para defender as empresas e os trabalhadores brasileiros. O "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos atingiu o Brasil com uma taxa de 10% sobre impostos de importação, além dos 25% já implementados anteriormente sobre o aço e o alumínio.
"O Brasil não tolera ameaça à democracia. Não abre mão de sua soberania. Não se submete a nenhuma outra bandeira que não seja a verde e amarela. O Brasil fala de igual para igual e respeita todos os países, dos mais pobres aos mais ricos, mas exige reciprocidade no tratamento. Defendemos o multilateralismo e o livre comércio, e responderemos a qualquer tentativa de impor o protecionismo, que não tem mais cabimento no mundo de hoje", declarou o presidente, mencionando a Lei da Reciprocidade Econômica, recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, e as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC).