Por: Gabriela Gallo

Caiado lança pré-candidatura a presidência em 2026

Caiado pode virar João Doria 2.0? | Foto: Reprodução Instagram/Ronaldo Caiado

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou sua pré-candidatura para concorrer à presidência da República em 2026. Ele anunciou oficialmente que disputará a corrida eleitoral pouco antes da cerimônia em Salvador (BA) para receber o título de "Cidadão Baiano e Comenda 2 de Julho", nesta sexta-feira (4). Com o lema “Coragem para endireitar o Brasil”, o governador criticou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em discurso anunciando sua candidatura e destacou como pauta para sua gestão a segurança pública.

“Quando eu falo de segurança pública eu não falo porque é apenas um segmento da responsabilidade do governador. Eu falo porque eu sei que no estado democrático de direito quando se tem segurança pública se tem gestão plena. Ela deve ser analisada de forma transversal. Naquele momento, quando eu recebi o governo, Goiás era a Disneylândia dos bandidos”, disse Caiado. “Aqui tem dez cidades hoje na Bahia como as mais violentas do país. Goiás tinha as quatro primeiras cidades mais violentas do país. Na posse, eu disse: ‘O primeiro mandamento do governador Ronaldo Caiado é ou bandido muda de profissão ou o bandido muda de estado’”, completou.

Ele tem chances?

Ao Correio da Manhã, o consultor de Análise Política da BMJ Consultores Associados Érico Oyama destacou que, antes de avaliar as chances de o candidato goiano vencer a disputa eleitoral, ou chegar ao segundo turno, é necessário esperar os próximos nomes que serão anunciados.

“Há grandes chances de Lula tentar a reeleição, mas no campo bolsonarista o nome é uma incógnita. Se as eleições fossem hoje, as chances de o Caiado ir para o segundo turno seriam mínimas, pois a tendência seria de termos, mais uma vez, uma disputa polarizada entre o PT e o candidato bolsonarista”, destacou.

A reportagem também questionou o analista político Guilherme Lima, que avaliou que Caiado tem chances de chegar a um eventual segundo turno eleitoral, desde que ele tenha o apadrinhamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O Bolsonaro ainda tem uma fatia muito importante do eleitor conservador, da Câmara e do Senado. Então, Caiado chega ao segundo turno se ele for capaz de afunilar e canalizar os interesses da direita em torno da sua legenda e do seu nome. E muito disso vai passar pela escolha do seu vice, que certamente deverá ser estratégica. Se a direita se pulverizar, as chances de Caiado são muito baixas”, afirma.

Fusão União-PP

Outro tópico também pode se tornar um desafio para a candidatura do goiano. Os partidos União Brasil e Progressitas (PP) estudam se unir para formarem uma federação partidária, que, se aprovada, permanecerá unida por quatro anos. Além isso, a proposta é formar uma junção mais flexível, na qual as legendas continuarão com seus nomes e diretórios. Caso PP e União Brasil confirmem a federação, ela passariam a ser a maior bancada do Congresso, com 108 deputados e 13 senadores – ultrapassando o PL na Câmara, que conta com 92 parlamentares.

Para Érico Oyama, a fusão entre os partidos ainda precisa ser discutida entre as siglas porque, apesar de politicamente ser vantajosa para os partidos, “do ponto de vista eleitoral, os partidos perderiam flexibilidade na hora de costurar alianças e acordos”. Ele ainda completou que, caso as siglas se unam, “Caiado seria uma aposta e um caminho para que candidaturas locais possam ser mais independentes”.

Não concorda

Em entrevista ao portal Terra, o próprio Caiado declarou que não concorda com a união dos partidos, alegando que a união traria mais conflitos do que interesses. Para Guilherme Lima, a declaração pode demonstrar um medo do governador de “perder o controle da carruagem”.

“Caiado hoje tem uma vida muito tranquila no União. Para todos os efeitos, hoje ele é o rosto da legenda. Agora, quando se olha para o PP, há vários nomes, como Artur Lira e Ciro Nogueira, então o PP é uma legenda que tem caciques de quadros políticos que têm um perfil um pouco diferente do Caiado”, explicou.

Contudo, o analista política ainda avalia que o candidato pode ter chances de ser o representante presidencial dos partidos. “Acredito que o Caiado ainda assim seria a escolha da legenda, tendo em vista que a união dos dois partidos talvez não apresentaria outros personagens com o mesmo carisma, gabarito, trajetória política e capacidade de negociação. Isso se ele conseguir vencer alguns obstáculos como, por exemplo, o apadrinhamento do Bolsonaro e também o contorno a uma possível candidatura do [governador de São Paulo] Tarcísio Freitas, que certamente despontaria à frente nas pesquisas eleitorais”, ponderou para a reportagem.

Porém, ele alerta que é necessário avaliar se o goiano não cometerá os mesmos erros do ex-governador de São Paulo João Dória (PSDB). “O João Dória foi um governador destaque, fez uma gestão eficiente e, assim como o Ronaldo Caiado, apresentava boas estatísticas. Porém, foi com muita sede ao pote, queimou largada, se antecipou muito para as eleições, e se vê o Ronaldo Caiado na mesma esteira. É claro, se partir da premissa de que quem chega primeiro bebe água limpa, certamente Caiado pode ser beneficiado. Agora, se for observar pela ótica da precipitação, da ganância, tem que pensar se Caiado não corre o risco de se tornar um João Dória 2.0”, avaliou Lima.