A Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de uma nova manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (6), às 14h. Organizado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, o ato reuniu milhares de apoiadores que clamaram por anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas por manifestantes.
Durante seu discurso, Bolsonaro, que permanece inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que sua exclusão do pleito do próximo ano seria uma forma de "negar a democracia" e de "escancarar a ditadura no Brasil". Ele também expressou sua "esperança" de que o apoio internacional à anistia se concretize, mencionando que seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está nos Estados Unidos, onde, segundo o ex-presidente, mantém conexões importantes. Eduardo, que pediu licença do cargo de deputado federal, encontra-se no exterior desde fevereiro, após solicitar afastamento por motivos pessoais.
Suprema Corte
O evento contou com a presença de diversas figuras políticas, incluindo o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que criticou duramente as penas impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aos presos pelos ataques de 8 de janeiro. Ferreira se referiu ao ministro como "ditador de toga" e expressou descontentamento com suas ações. "A que ponto chegamos, ir para a rua para dizer o óbvio de que altas penas são para criminosos, e não baderneiros", afirmou Ferreira. "Ditadores de toga, principalmente Alexandre de Moraes, se utilizaram do dia 8 para nos amedrontar. Se lascaram, olha a gente aqui! Essa é a resposta para você, seu covarde", completou.
O parlamentar também direcionou críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Suprema Corte, mencionando uma expressão usada por Barroso: “Perdeu, mané”, em resposta a um manifestando que questionava o resultado eleitoral de 2022. "Primeiro, que isso é fala de bandido quando vai roubar alguém. O que você está querendo dizer com isso, Barroso? Que as eleições de 2022 foram um assalto? Porque, se for isso, fique em paz, que daqui a um ano e meio tem eleições de novo", disse Ferreira.
A frase se tornou um símbolo após a cabeleireira Débora Rodrigues pichar a estátua da "Justiça" em frente ao STF, usando um batom, no dia 8 de janeiro de 2023. Desde então, Débora está detida, tendo cumprido dois anos em regime fechado e aguardando o retorno do julgamento em regime semiaberto. Durante a manifestação, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) segurou um batom em referência a Débora e pediu ao ministro do STF Luiz Fux que não "jogasse o próprio nome na lama". Fux é integrante da 1ª Turma do STF, que julga as acusações de tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro em 2022, e já havia interrompido o julgamento de Débora ao pedir vistas do caso.
Ato
O evento também contou com a presença de sete governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; Wilson Lima (PL), do Amazonas; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Mauro Mendes (União Brasil), de Mato Grosso; e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também estava confirmado, mas cancelou sua ida devido às chuvas que atingiram o estado no fim de semana.
A manifestação reuniu aproximadamente 44,9 mil pessoas, conforme estimativa feita pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common. A contagem foi realizada com base em imagens aéreas da multidão, capturadas por drones, e analisadas por meio de software de inteligência artificial. A verificação ocorreu durante o pico do evento, às 15h44. A mesma metodologia foi utilizada em 16 de março, quando uma manifestação no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro e seus aliados, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas.
Na semana passada, Malafaia utilizou suas redes sociais para convocar seus seguidores a participar do evento, compartilhando um vídeo no qual estava acompanhado por oito líderes religiosos. Juntos, eles pediam a anistia e convocavam os fiéis a se unirem à manifestação. Como foi antecipado pelo Correio da Manhã, essa estratégia tinha o objetivo de ampliar a adesão ao ato, aproveitando a influência desses líderes sobre a comunidade evangélica.