Por: Gabriela Gallo

Motta sobre anistia: discussão será "com calma"

Motta não demonstra pressa em pautar a anistia | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a discussão acerca da anistia aos presos dos atos será realizada “com a serenidade que ele merece”. A declaração ocorreu nesta segunda-feira (7), durante participação do parlamentar no evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Porém, como já manifestou anteriormente, ele também acredita que as penas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos presos é exagerada.

“Eu defendo dois pontos. Primeiro, a sensibilidade para corrigir algum exagero que vem acontecendo com relação a quem não merece receber uma punição. Acho que essa sensibilidade é necessária, toca a todos nós. E [também defendo] a responsabilidade de poder, na solução desse problema, que é sensível e é justo, para nós não aumentarmos uma crise institucional que nós estamos vivendo”, disse Hugo Motta durante o evento. Ele ainda reforçou que tópico não será resolvido com um aumento de crise e distanciamento das instituições.

"Brasil maior que isso"

Motta ainda reiterou que a anistia não é a única pauta relevante do país. "O Brasil é muito maior do que isso. Nós temos inúmeros desafios. Então, nós não vamos jamais ficar restritos a um só tema. Vamos levar sempre essa decisão para o colegiado. Vamos conversar com o Senado Federal, que faz parte dessa solução também, e poder conversar com o próprio Poder Judiciário, com o Poder Executivo, para que uma solução de pacificação possa ser dada", destacou.

O presidente da Câmara vem sendo pressionado pela oposição ao governo federal para se posicionar favorável quanto ao tema. Neste domingo (6), durante o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados em favor da anistia, o pastor Silas Malafaia, coordenador do evento, pressionou Motta mais uma vez, alegando que ele era a “vergonha da Paraíba” e realizando duras críticas ao parlamentar.

Nos bastidores, aliados do presidente da Câmara e de lideranças do Centrão avaliam que os ataques contra Motta durante a manifestação na Avenida Paulista não foram uma boa estratégia e podem gerar o efeito reverso, repelindo parlamentares do Centrão, mesmo aqueles que também são contra a dosimetria das penas aplicadas aos réus. Em suas redes sociais, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), disse que os ataques a Motta foram “um tiro no pé” por parte da oposição, já que, para o deputado, a Câmara se render à pressão da oposição seria “se render a uma política de intimidação grosseira”.

Estava previsto para o líder da bancada do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), divulgar nesta segunda-feira a lista dos nomes dos parlamentares que aderiram formalmente à anistia dos presos de 8 janeiro. A medida visava pressionar parlamentares que ainda não tinham se posicionado. Contudo, por meio de suas redes sociais nesta segunda, o líder do PL disse que, atendendo a um pedido de Jair Bolsonaro, a sigla irá “estrategicamente, adiar a publicação dos nomes dos parlamentares que assinaram e dos que ainda estão indecisos”.

Pesquisa

Nesta segunda-feira (7), a pesquisa Datafolha apontou que a maioria dos brasileiros é contra a anistia dos presos envolvidos nos ataques à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. De acordo com o levantamento, 56% dos entrevistados são contrários à anistia enquanto 37% são favoráveis. A pesquisa realizou 3.054 entrevistas em 172 cidades brasileiras, dos dias 1º a 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Todavia, assim como Hugo Motta, a dosimetria das penas aplicadas também divide opiniões na população. Dos eleitores entrevistados, 36% gostariam de vê-las reduzidas 34% consideram adequadas e 25%, aumentadas.

Outro levantamento, dessa vez da Pesquisa Genial/Quaest divulgado neste domingo (6), avaliou que a maioria da população não concorda com a anistia. Dos 2.004 entrevistados, 56% avaliam que os envolvidos nas invasões de 8 janeiro deveriam continuar presos por mais tempo e cumprirem suas penas; 18% acreditam que os envolvidos deveriam ser soltos porque, na avaliação deles, nem deveriam ter sido presos; e 16% avaliam que eles deveriam ser soltos porque já estão presos por tempo demais.

Quanto ao possível envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, 49% dos entrevistados acreditam que ele participou do plano de tentativa de golpe de Estado; 35% acham que ele não está envolvido no plano; e 15% não souberam responder. A pesquisa da Quaest realizou a coleta de dados de 27 de março a 31 de março e tem margem de erro de 2 pontos percentuais.