Por: Karoline Cavalcante

Em greve de fome, Glauber recebe Gleisi na Câmara

Glauber brincou com seu filho Hugo na sala do Conselho | Foto: Assessoria Glauber Braga

Desde o início de sua greve de fome, o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) já perdeu mais de dois quilos. Segundo sua assessoria, ele pesa agora 89,4 quilos e completou 72 horas sem se alimentar na madrugada de sábado (12). Ele está acampado no chão do plenário 5 do Anexo 2 da Câmara dos Deputados desde a última quarta-feira (9), em protesto contra o parecer favorável à cassação de seu mandato, aprovado por 13 votos pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Na tarde de sábado (12), a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, e o secretário de Comunicação de Governo, Sidônio Palmeira), visitaram Glauber. A conversa foi reservada, mas ambos falaram rapidamente ao final do encontro sobre a preocupação em torno da saúde de Glauber.

Ambos os ministros classificaram como desproporcional a medida tomada pelo colegiado, e afirmaram que estão em busca de uma solução equilibrada para o caso.

Braga afirmou que permanecerá no local até que o julgamento de seu caso seja finalizado e, para amenizar os efeitos do jejum, tem ingerido água, isotônico e soro. De acordo com sua equipe médica, os resultados dos exames de sangue estão dentro da normalidade. No final da semana passada, ele também recebeu parlamentares e outras pessoas em solidariedade. E chegou a brincar com seu filho, Hugo, de três anos, na cama que foi instalada na sala do Conselho de Ética. Glauber é caso com a também deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP).

“Não vou voltar atrás em nenhuma das minhas decisões. Meu ato de estar aqui, em greve de fome, é minha resposta. Sei que há muitas pessoas preocupadas com minha saúde, mas quero dizer que estou bem. Quando isso tudo vai parar? Quando parar a perseguição que estou sofrendo por dizer verdades que não queriam que fossem faladas”, afirmou o deputado por meio de nota. Ele tem se comunicado com jornalistas por meio de sua assessoria, como forma de poupar energia.

Chiquinho Brazão

Nesse período, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não indicou quando pautará a matéria no plenário. O processo de Glauber Braga aguarda votação, enquanto outro caso importante permanece estagnado há mais de um ano: a cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 2018, Brazão teve sua cassação aprovada pelo Conselho de Ética em agosto de 2024, mas ainda não foi submetida ao plenário.

O deputado está preso desde março de 2024. Na última sexta-feira (11), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a substituição de sua prisão preventiva por prisão domiciliar, devido ao seu estado de saúde.

O caso

O processo contra Glauber Braga foi iniciado a partir de uma representação (REP 5/24) movida pelo Partido Novo, após o deputado expulsar, com empurrões e chutes, o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), das dependências da Câmara, em abril de 2024. Costenaro havia provocado o parlamentar com ofensas direcionadas à sua mãe.

No entanto, o deputado acredita estar sendo alvo de uma perseguição política, orquestrada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em razão das denúncias que fez sobre supostas irregularidades na destinação de emendas parlamentares por meio do "orçamento secreto". Segundo Braga, Lira teria articulado o parecer favorável à sua cassação com o relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), em troca de apoio para o envio de recursos desse mecanismo – que carece de transparência e rastreabilidade.