O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou nesta segunda-feira (21) luto oficial de sete dias no Brasil pela morte do papa Francisco, aos 88 anos, ocorrida pela manhã no Vaticano. A decisão reflete a comoção nacional diante da partida do pontífice argentino, lembrado por líderes dos Três Poderes como símbolo de solidariedade, compaixão e justiça social.
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou profundamente a morte do Papa Francisco e destacou seu papel como “voz de respeito e acolhimento ao próximo”. Ele e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, irão ao funeral do pontífice em Roma, na Itália. Segundo o Palácio do Planalto, a composição da comitiva presidencial será anunciada nesta terça-feira (22).
“Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o argentino Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados”, afirmou o petista.
Jorge Mario Bergoglio assumiu o papado em 2013 e, nos últimos anos, enfrentava problemas de saúde. Em fevereiro, foi internado para exames e tratamento de uma bronquite, permanecendo 38 dias hospitalizado. Recebeu alta em 23 de março e seguia em recuperação. Sua última aparição pública foi no domingo (20), durante a bênção de Páscoa na Praça de São Pedro, quando falou brevemente aos fiéis. O Papa faleceu às 7h35 (horário de Roma), nesta segunda-feira (21), no Vaticano, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. O anúncio da morte foi feito pelo Camerlengo Kevin Farrell, da Casa Santa Marta.
'Um dos maiores'
A notícia mobilizou lideranças do Legislativo e do Judiciário. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), expressou "profunda tristeza" e manifestou solidariedade à comunidade católica mundial. "Que sua herança espiritual permaneça como seu maior legado e que o amor que tanto pregou influencie o mundo a trabalhar pela justiça, pela paz e respeito entre os povos", declarou Alcolumbre.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou o papel do papa em modernizar a Igreja. "Um líder que ficará na história pela força dos seus gestos. Eu e minha família seguiremos em oração por este líder que foi símbolo de esperança e justiça. Sem dúvida, um exemplo de vida e luta para todos nós", afirmou Motta.
Do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, descreveu Francisco como uma luz em tempos de escuridão e que a história o reconhecerá como “um dos maiores”. “A espiritualidade verdadeira é a expressão do bem, do amor e da paz, com sabedoria, tolerância e compaixão. O Papa Francisco encarnou essas virtudes como poucas lideranças nos dias de hoje. E a elas acrescentou o carisma e a empatia. A compreensão em lugar dos dogmas. Num tempo em que há muita escuridão, foi uma luz iluminando a humanidade”, disse.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente internado, comentou nas redes sociais que a figura do pontífice "sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral". “Sua partida nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza”, declarou.
Repercussão internacional
No cenário internacional, a repercussão foi imediata. O presidente da Itália, Sergio Mattarella, expressou profunda tristeza ao receber a notícia da morte do papa argentino, destacando o "grande vazio" deixado pela perda de uma figura que foi classificada como seu ponto de referência. "O seu ensinamento recordou a mensagem evangélica, a solidariedade entre as pessoas, o dever de proximidade com os mais frágeis, a cooperação internacional e a paz na humanidade", declarou.
Já o presidente da Argentina, Javier Milei, ressaltou a grandeza de Francisco, apesar das diferenças ideológicas. "Como presidente, como argentino, e fundamentalmente como homem de fé, despeço-me do Santo Padre e estou ao lado de todos que receberam essa triste notícia", afirmou.