A recusa do líder da bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), em assumir o Ministério de Comunicações abriu o questionamento sobre quem assumirá a pasta. Até o momento, os nomes cotados pelo União Brasil para assumir o comando do Ministério das Comunicações são: o deputado federal Damião Feliciano (PB), o presidente da Telebras Frederico Siqueira Filho e o jornalista e presidente do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional Miguel Matos. As informações foram confirmadas pelo Correio da Manhã nesta quarta-feira (23).
Ao Correio da Manhã, a cientista política e especialista em Legislativo da BMJ Consultores Associados Letícia Mendes destaca que os nomes cotados visam indicar alguém de perfil técnico para assumir a pasta. Especialmente no caso de Frederico Siqueira Filho, já que a Telebras é uma estatal que está dentro do próprio Ministério de Comunicações. Tido como o mais cotado, Siqueira Filho é próximo do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
No caso de Damião Feliciano, ele é um parlamentar que “tem uma postura mais convergente com o governo”. Além dele, a cientista política também avalia como possibilidade de ser nomeado para o cargo o deputado federal Moses Rodrigues (União Brasil-CE), que apresentou posicionamentos convergentes a pautas do governo, como a aprovação e a regulamentação da reforma tributária, e, portanto, “seria um outro nome que dentro da bancada partidária poderia compor o governo e com isso reduzir as rusgas”.
“Uma saída meio termo seria um nome mais técnico, porque o União Brasil tem vivido um racha. O atual presidente [Antonio] Rueda tem ainda algumas rusgas em relação ao Davi Alcolumbre, e há outra ala, mais próxima do [governador de Goiás] Ronaldo Caiano e do [ex-prefeito de Salvador] ACM Neto, que estavam querendo desembarcar do governo. Então, talvez a melhor saída de fato seria um nome mais técnico e, com isso, o governo talvez enfrentasse menos dificuldades dentro da própria bancada”, completou Mendes.
Entenda
Na noite de terça-feira (22), Pedro Lucas divulgou uma carta agradecendo a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em lhe convidar para o cargo do ministério. Ele, porém, recusou o convite alegando que ele fará maior diferença atuando na liderança do partido.
“Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados. A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil. Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite”, manifestou o parlamentar.
A medida não foi bem avaliada pelo poder Executivo, especialmente porque dias o governo havia confirmado o nome de Pedro Lucas para assumir a pasta no lugar de Juscelino Filho (União Brasil-MA) – que pediu demissão do cargo após ser acusado de corrupção. Algumas alas mais radicais do governo queriam que o Executivo retaliasse o União Brasil e retirasse o partido do govern o. Contudo, Lula precisa do apoio do partido – a terceira maior bancada na Câmara – para aprovar projetos de interesse no Congresso. Especialmente, precisa do apoio de Davi Alcolumbre no comando do Senado.
Além disso, nos bastidores, o União Brasil manifestou que não tem interesse em abrir mão do Ministério do Turismo, atualmente comandado por Celso Sabino.
Em conversa com a reportagem, a cientista política Letícia Mendes destacou que a recusa foi negativa para o governo, “tanto para dentro quanto para para imagem”.
“A recusa de um cargo dessa maneira diz muito da correlação de um parlamentar junto ao governo e, nesse caso, da própria bancada partidária. Essa recusa demonstra uma rusga, por mais que o Pedro Lucas tenha colocado os seus motivos e agradecido o convite. Mas a gente sabe que um ‘não’ dessa maneira, com um cargo tão proeminente, não foi vista por interlocutores do governo com bons olhos e causa um certo constrangimento”, explicou.