Por: Karoline Cavalcante

Bolsonaro apresenta piora clínica e segue sem previsão de alta da UTI

Após intimação, Bolsonaro apresentou quadro de piora | Foto: Reprodução X/Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, após apresentar agravamento em seu quadro clínico. De acordo com boletim médico divulgado nesta quinta-feira (24), o paciente apresentou aumento da pressão arterial e piora dos exames laboratoriais hepáticos. A instituição informou ainda que novos exames de imagem serão realizados para avaliação do quadro.

Bolsonaro está hospitalizado desde o dia 13 de abril, tratando complicações abdominais decorrentes do atentado a faca que sofreu em 2018. Desde sua internação, ele vem sendo acompanhado de forma intensiva, sem ingestão de alimentos por via oral e recebendo apenas nutrição intravenosa.

“Continua em jejum oral e com nutrição parenteral exclusiva. Segue com a fisioterapia motora e as medidas de prevenção de trombose venosa. Persiste a recomendação de não receber visitas e não há previsão de alta da UTI”, diz o documento assinado pela equipe médica.

Intimação

A atualização sobre sua saúde acontece um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) notificá-lo oficialmente sobre a abertura de uma ação penal, na qual ele é acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A intimação foi entregue pessoalmente por uma oficial de Justiça no quarto onde ele está internado, estabelecendo um prazo de cinco dias para a apresentação da defesa.

O momento foi filmado e compartilhado nas redes sociais pelo próprio Bolsonaro. Visivelmente abatido, ele questiona a presença da servidora na UTI. “A senhora tem noção de que está dentro de uma UTI?”, perguntou, alegando que sua condição de saúde não é forjada.

Em nota também nesta quinta, o Sindicato Nacional dos Oficiais de Justiça Federais (Sindojaf) e a Associação Nacional dos Oficiais de Justiça do Brasil (UniOficiais) repudiaram a filmagem “indevida e não autorizada” da atuação da oficial. “Conduta que não apenas viola sua intimidade e honra funcional, como também busca distorcer os fatos e comprometer sua imagem perante a sociedade”, criticaram as entidades.

Enquanto o advogado Paulo Cunha Bueno, responsável pela defesa do ex-presidente, considerou a diligência inconstitucional. “Digo ‘inédita’, porque o Código de Processo Penal é explícito em determinar a impossibilidade de realização de citação de doente em estado grave, condição que, é notório, lamentavelmente hoje acomete o presidente”, escreveu Bueno, na rede social X (antigo Twitter).

Antes dessa piora, o ex-presidente vinha demonstrando recuperação e chegou a dar entrevistas diretamente do hospital. Na terça-feira (22), durante uma live com os filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, ele chegou a dizer que esperava retirar a sonda nasogástrica em breve e receber alta até a próxima segunda-feira (28). “Recebi uma boa notícia hoje. Talvez daqui a dois dias já me livrem da sonda, o que vai ajudar bastante. Acredito que até segunda estarei de alta e voltando à normalidade”, comentou.

Internação

A internação teve início após Bolsonaro dar entrada em um hospital no Rio Grande do Norte na noite do dia 11 de abril. Ele chegou ao local com um quadro de distensão abdominal e dor. Dois dias depois, foi submetido a uma cirurgia conhecida como “laparotomia exploradora” — um procedimento que durou mais de 12 horas para tratar uma obstrução parcial do intestino. A operação foi necessária para corrigir aderências intestinais que impediam o funcionamento adequado do sistema digestivo e reforçar a parede abdominal.

Desde o atentado de 2018, esta foi a sétima cirurgia pela qual Bolsonaro passou, todas relacionadas a complicações decorrentes da facada sofrida por Adélio Bispo durante a campanha eleitoral daquele ano.