Por: Gabriela Gallo

Lula dá posse rápida a novo ministro das Comunicações

Lula tratou de dar logo posse a Siqueira Filho | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou o presidente da Telebrás, Frederico de Siqueira Filho, como o novo ministro de Comunicações. A cerimônia ocorreu nesta quinta-feira (24), no Palácio do Planalto, dois dias após o líder da bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), recusar o convite. Frederico assume a pasta no lugar de Juscelino Filho, também do União Brasil, que pediu demissão do cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e desvio de verbas de emendas orçamentárias.

O novo ministro foi indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o ex-ministro Juscelino Filho e o próprio Pedro Lucas, em reunião realizada na tarde da quarta-feira (23) no Palácio do Planalto. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também estava presente na reunião.

Técnico

Frederico de Siqueira Filho foi indicado por seu perfil mais técnico e menos político. Presidente da Telebras desde maio de 2023, o engenheiro atua há 22 anos no setor de telecomunicações, dos quais 21 anos dedicados à empresa Oi. Em sua trajetória profissional, ele exerceu cargos de liderança nas áreas de operações, planejamento, institucional regulatório e comercial.

Após ser empossado, o ministro divulgou uma nota à imprensa agradecendo a oportunidade e a confiança do seu partido e do presidente da República para assumir o cargo, reiterando que usará de sua experiência na iniciativa privada em seu novo cargo público.

“Minha trajetória no setor de telecomunicações, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, reforça meu compromisso com uma atuação técnica, responsável e orientada por resultados. Ao lado do Ministério das Comunicações, com quem a Telebras sempre manteve uma parceria sólida, tive a oportunidade de trabalhar em projetos que impactaram positivamente milhões de vidas. Agora, no comando da pasta, assumo a responsabilidade de ampliar ainda mais esse alcance”, disse Frederico Filho, por meio de nota.

“Chego com o compromisso de manter e ampliar os projetos que já vêm sendo desenvolvidos: levar conectividade às escolas públicas, ampliar o acesso ao 5G, conectar comunidades na Amazônia, dar celeridade à concessão de rádios e canais de televisão em todo o território nacional e implantar a TV 3.0. Esses são compromissos que transformam a vida das pessoas, reduzem desigualdades e promovem cidadania”, ele completou.

Impasse

A recusa do líder do União Brasil para assumir o ministério levou a um desgaste entre o governo federal e o partido. Após ter seu nome divulgado pela própria ministra de Relações Institucionais, Pedro Lucas divulgou uma nota na noite de terça-feira (22) alegando que para ele era mais vantajoso e ele seria capaz de “contribuir mais com o país e com o próprio governo” como líder do partido na Câmara dos Deputados.

A medida evidenciou uma fragilidade do governo. Algumas alas mais radicais queriam que o poder Executivo retaliasse o União Brasil e retirasse o partido do governo, o que ampliaria a retaliação para o Ministério do Turismo, atualmente comandado por Celso Sabino (União Brasil). Porém, o presidente Lula precisa do apoio do partido, que é a terceira maior bancada na Câmara, para aprovar projetos de interesse do governo no Congresso Nacional para aprovar pautas econômicas (como a regulamentação da reforma tributária e arcabouço fiscal). Mas principalmente, Lula precisa do apoio de Davi Alcolumbre no comando do Senado.

Nos bastidores, o União Brasil manifestou que não pretende abrir mão do Ministério do Turismo. Contudo, a sigla está fragmentada, na qual metade tem interesse em estar ligado ao governo federal e a outra metade defende uma desvinculação do poder Executivo para apoiar candidatura própria para as eleições de 2026. Inclusive, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, já foi lançado como pré-candidato.