Por: Gabriela Gallo

Federação União-PP se torna a maior bancada da Câmara

União Progressista será maior bancada da Câmara | Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

Os partidos União Brasil e Progressistas (PP) formalizaram a sua união, formando a Federação União Progressista (UP). A cerimônia de lançamento da federação ocorreu nesta terça-feira (29), no Salão Negro do Congresso e contou com a presença de governadores e parlamentares de ambos os partidos. Com a união de ambas as siglas, que passam a ser uma só, a federação se torna a maior bancada do Congresso Nacional, desbancando o Partido Liberal na Câmara dos Deputados (92), com 109 deputados federais. No Senado, a bancada será de 14 senadores, a mesma quantidade que têm o PL e o PSD. Para além do Legislativo, a federação ainda terá seis governadores e 1.330 prefeitos no país.

Bússola

Os presidentes do União Brasil e do PP, respectivamente Antônio Rueda e o senador Ciro Nogueira (PI), dividirão a presidência do grupo, começando com Rueda. Após alguns meses, o posto passará para Nogueira. Durante a cerimônia, ambos leram um manifesto pela junção das siglas, que promete ser uma “bússola no centro da política” para guiar o país.

“Esta bússola tem um norte claro e definido: responsabilidade fiscal e responsabilidade social. Temos de garantir o equilíbrio das contas públicas para que o equilíbrio e a paz social possam ser assegurados”, destacou Rueda, o primeiro a ler o documento.

“Se devemos comemorar os 40 anos da chamada Nova República, que assinalam a nossa experiência democrática mais longeva, é necessário, contudo, fazermos uma autocrítica como nação: a economia patina, e com ela o bem-estar dos brasileiros. Embora oscilemos ano a ano em torno da décima posição do Produto Interno Bruto [PIB] no mundo, quando focamos a população nos vemos no octogésimo segundo lugar em termos de PIB per capita, muito abaixo, inclusive, de vários países latino-americanos”, completou.

Governo

Tanto o União Brasil quanto o Progressistas possuem representantes nos primeiros escalões do governo federal. O União conta com Celso Sabino no Ministério do Turismo e, recentemente, Frederico de Siqueira Filho no comando do Ministério das Comunicações. Já o PP compõe o primeiro escalão do governo com André Fufuca no Ministério do Esporte e Carlos Antônio Vieira Fernandes na presidência da Caixa Econômica Federal. Contudo, a cerimônia da federação ocorreu em tom de oposição e parte desses partidos, especialmente o União, se encontram divididos quanto à permanência no governo ou não.

Em entrevista à CNN, o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União) disse que espera que a federação desembarque do poder Executivo. Ele ainda aproveitou o tempo de discurso para promover sua campanha presidencial para 2026.

Ao Correio da Manhã, a cientista política e especialista em legislativo da BMJ Consultores Associados Letícia Mendes avalia que seria mais fácil uma saída do PP, especialmente porque Ciro Nogueira é um forte crítico do governo federal. Porém, uma eventual saída do União Brasil seria mais complicada. E, como federação, os partidos agora precisarão ter a mesma orientação.

“Eu vejo que é uma saída um pouco delicada, principalmente dentro do União Brasil, que possui alguns ministérios de pastas robustas, com orçamentos a serem considerados. Essa saída, de certa forma, prejudicaria um pouco essa interlocução, principalmente dentro do poder Executivo, que também é uma ferramenta muito importante na efetivação de algumas políticas públicas”, afirmou Mendes.

Caso a federação efetivamente se retire do primeiro escalão do governo, a base governista enfrentará maiores dificuldades, especialmente porque, somente na Câmara dos Deputados, eles terão a oposição do PL e da federação UP, as duas maiores bancadas. Questionada pela reportagem, a cientista política ponderou que essa dificuldade não será apenas “no cotidiano das atividades, mas também tendo em vista o que o governo quer aprovar ao longo deste ano”, como a PEC da Segurança Pública.

“São projetos que necessitam de alguns quóruns mais qualificados e essa maioria de oposição teria o poder de frear todas as pautas legislativas. Então, caso ocorra de fato essa saída, é um prejuízo muito grande para o governo federal”, completou.

PSDB-Podemos

Nesta terça-feira houve também outra mudança partidária. A bancada do PSDB aprovou a fusão do partido com o Podemos. A Executiva do PSDB convocou uma convenção nacional para discutir a fusão entre os partidos e eventuais alterações no estatuto do partido para 5 de junho. A junção das duas siglas resultará em 5% da Câmara, com 28 deputados federais e sete senadores. Diferentemente de uma federação, a fusão não pode ser desfeita, já que ela se trata da união definitiva entre dois ou mais partidos políticos, que passam a ser um só.