Capital sem manicômios
Prefeitura do Rio encerra atividades do Instituto Juliano Moreira
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio encerrou na quinta (27) as atividades de internação do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, com a desativação do último núcleo do complexo psiquiátrico, o Franco da Rocha. Com isso, segundo a pasta, o município conclui o processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos.
Conhecida pelo antigo nome de Colônia Juliano Moreira, a unidade chegou a abrigar, em seu auge, 5,3 mil internos em seus 79 hospitais e pavilhões, desativados gradativamente ao longo dos anos.
De acordo com a secretaria, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico.
"Nós estamos dando um passo muito importante, o Rio de Janeiro está fechando a Colônia Juliano Moreira. Hoje, 97 pessoas vivem em residências terapêuticas pela cidade e 567 pessoas vivem nas suas próprias casas, recebem seus amigos, e saem desse processo de cativeiro. A gente de fato consegue virar essa página e construir no século 21 um Rio sem manicômio", disse Hugo Fagundes, superintendente de Saúde Mental.
A Colônia Juliano Moreira foi inaugurada em antigas terras coloniais do engenho de cana e fubá, há 98 anos, e em 1935 recebeu o nome de seu fundador, o médico Juliano Moreira, fundador da disciplina de psiquiatria no Brasil.
Ao longo dos anos, com a redução gradativa no número de internos, muitos imóveis do antigo complexo foram transformados em unidades municipais de saúde e de assistência social, entre elas um hospital de clínica médica, clínica da família, Centro de Atenção Psicossocial e residência terapêutica de alta complexidade, além de unidades habitacionais e de ensino.
A cerimônia de encerramento das atividades de internação do instituto contou com homenagens a funcionários e ex-funcionários da unidade, apresentação de jogral e cortejo do Bloco Império Colonial, formado por ex-internos.
"Não tem como a gente não se emocionar. Eu entrei na Secretaria Municipal de Saúde como subsecretário de Atenção Primária e nunca imaginei que viveríamos o que estamos vivendo aqui hoje. Este é um marco na história da cidade do Rio de Janeiro, é um marco na história da saúde mental do município, do estado e certamente na saúde mental do Brasil", afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Atualmente, a rede municipal de Atenção Psicossocial é formada por 33 CAPS e 97 residências terapêuticas distribuídas pela cidade, com 546 pessoas vivendo nelas, além de unidades de acolhimento adulto e centros de convivência.