Após uma série de polêmicas, o segundo show da cantora — que seria o terceiro no cronograma oficial, mas o show de sábado (18) acabou sendo transferido para segunda (20) por conta do calor extremo — aconteceu no último domingo e foi uma verdadeira catarse.
Em relação ao primeiro show, na sexta (17), a organização de domingo foi muito melhor. Com a morte da jovem Ana Benevides, a empresa organizadora, T4F, reviu decisões absurdas tomadas no primeiro show, o que melhorou consideravelmente a experiência dos fãs que pagaram rios de dinheiro para conferir o 'The Eras Tour'.
A principal foi a remoção dos tapumes no Setor Sul do estádio, colocados anteriormente para evitar que o som chegasse aos fãs sem ingresso que costumam se juntar na passarela do trem para tentar ver um pouquinho dos shows. No entanto, como os três shows tiveram suas cargas de ingressos esgotadas em pouquíssimas horas, a decisão não passou de uma mesquinharia gigantesca da organização. Houve quem tentasse justificar como uma medida de segurança, para evitar aglomerações no entorno do estádio. Mas isso se resolve com segurança, não com tapumes.
Em meio a fortíssima onda de calor que tomou o Rio na semana passada, os tapumes bloquearam as passagens de ar do Estádio Olímpico Nilton Santos, transformando o interior do 'Niltão' em um verdadeiro forno, com temperaturas superiores a 60ºC registradas lá dentro.
A outra decisão revogada foi a proibição da entrada de garrafas d'água descartáveis. É surreal que isso seja proibido em uma cidade cujo apelido extraoficial é '40ºC'. Com isso, o show de domingo contou com uma série de fãs entrando no estádio com garrafas descartáveis de 2L nas mãos.
Falando exclusivamente do show, a cantora Sabrina Carpenter empolgou o público com seu curto, mas interessante apresentação de abertura. E logo em seguida, o fenômeno mundial do Pop fez justificar o hype com um show que mais parecia roteiro de cinema. Ao longo de 3h13, Taylor Swift cantou, conversou e mergulhou de cabeça, literalmente, nos seus 17 anos de carreira, passando pelos principais sucessos de cada 'Era' musical sua. Daí o nome da turnê.
E o público, que ansiava por uma apresentação da Loirinha há quase uma década, fez valer cada segundo de espera. A sensação de quem foi ao Nilton Santos neste domingo é de ter visto dois shows diferentes na mesma noite. A arrebatadora apresentação de Taylor Swift e a resposta de um público que esvaziou os pulmões cantando seus hits favoritos como se não houvesse amanhã.
Conversando com outros fãs que estão viajando pelo mundo atrás do 'The Eras Tour', a reação foi a mesma: "Nunca vi nada igual".
Além da voz e da capacidade fora do normal de Taylor para contar histórias por meio da música, o show contou com um trabalhado refinadíssimo envolvendo o palco e a cenografia. O telão gigantesco promoveu uma sensação de imersão fascinante. Para quem estava na pista premium, era como mergulhar nessa jornada de quase duas décadas junto à própria Taylor Swift. Para quem estava nas arquibancadas e pôde ter uma visão de cima, o palco trouxe luzes quase hipnóticas, sincronizadas com as pulseirinhas luminosas distribuídas aos fãs.
Para onde se olhasse, era algo acontecendo. Um show que não deu descanso aos olhos e ouvidos, como uma apresentação dessa magnitude deve ser. Ainda teve a questão da chuva, que poderia atrapalhar, mas acabou dando um tom quase poético, principalmente nas canções mais dramáticas. Não parou de chover por um segundo de show, enquanto os fãs lavavam a alma diante da cantora.
De longe, um show histórico. Infelizmente, a omissão da empresa e da equipe da cantora em relação a morte de Ana Benevides, a ponto da família contar com a ajuda de uma 'vaquinha' para tentar levar o corpo da filha de volta para casa, marcou negativamente um show que tinha tudo para ser lembrado eternamente como uma das maiores apresentações já feitas no Rio de Janeiro.
