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Reflorestamento com drones

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Clima (SMAC), realizou, na última sexta (5), na Serra de Inhoaíba, em Campo Grande, a primeira ação de reflorestamento com uso de drones semeadores. A aceleração de reflorestamento, realizada em áreas de difícil acesso com uso de drones, é parte de medidas do Município para mitigar impactos das mudanças climáticas no Rio.

O reflorestamento irá restaurar uma área de 30 hectares nos próximos três anos e realizar o enriquecimento com espécies nativas da Mata Atlântica em outros 30 hectares. A ação é feita pela SMAC em parceria com a greentech franco-brasileira Morfo, que fez a primeira dispersão de sementes de espécies nativas.

"O tema das mudanças climáticas é um dos mais importantes nos dias de hoje. Realizar ações de reflorestamento ajuda o meio ambiente. Nesse sentido, o trabalho com drone colabora para agilizar esse processo, além de facilitar o acesso a lugares complicados. Vamos seguir trabalhando no aumento da cobertura verde da cidade", afirmou o prefeito Eduardo Paes.

A Serra de Inhoaíba é considerada um local estratégico para a manutenção e aumento da cobertura verde na cidade. A presença de vegetação nativa ameniza os efeitos das ondas de calor e também aumenta a absorção de água pelo solo, evitando inundações e deslizamentos na região. Por conta da área extremamente inclinada e de difícil acesso, a metodologia que utiliza a dispersão de sementes encapsuladas por drones é uma opção mais segura que o plantio tradicional. O método exige ainda equipe menor e sem a necessidade de subir encostas. Ao longo dos próximos três anos, a startup fará a restauração completa em 30 hectares e o enriquecimento com espécies nativas da Mata Atlântica em outros 30 hectares.

"Esse é um novo formato de plantio na cidade, uma ação de complementação ao trabalho dos mutirões de reflorestamento que já existem há mais de 30 anos. É uma complementação a partir de novas tecnologias. Com o drone vamos dar uma velocidade maior ao reflorestamento no Rio de Janeiro", disse a secretária de Meio Ambiente e Clima, Eliana Cacique.

A Morfo dará suporte às equipes de campo do Refloresta Rio para melhorar a capacidade operacional e a velocidade do trabalho de reflorestamento. Isso porque uma equipe de duas pessoas e um drone pode replantar 100 vezes mais rápido um campo do que pelos métodos tradicionais. Outras vantagens são a amplitude da biodiversidade de espécies utilizadas e a redução de custos. Numa ação, pode-se contar com pelo menos 20 espécies nativas, a um valor até cinco vezes mais barato, não só pela rapidez de plantio, mas também porque o plantio com sementes evita a estruturação de um viveiro e sua manutenção por vários meses.

"O nosso trabalho é complementar ao que vem sendo realizado pela Prefeitura com os mutirões. Com o drone, alcançamos áreas de difícil acesso para os seres humanos. Além disso, a produtividade do drone permite que a gente consiga restaurar muito maiores. Então, podemos restaurar muito mais área em menos tempo", declarou o CEO da Morfo no Brasil, Grégory Maitre.

A nova solução de reflorestamento não se limita ao lançamento de sementes por drones. O trabalho incluirá o monitoramento das áreas reflorestadas, com fornecimento de dados de resultado de forma constante, transparente e de visualização simples em um dashboard personalizado. Este acompanhamento com imagens atualizadas por satélites e drones e a análises de dados permitirá que a Prefeitura acompanhe o trabalho realizado, melhore os processos de gestão, além de informar sobre cobertura vegetal, biodiversidade e estoque de carbono nos espaços reflorestados.

O uso de drones semeadores faz parte de um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo que estão sendo adotadas pela Prefeitura para minimizar os impactos para a população das ondas de calor e temperaturas extremas. Além dos drones, entre as ações anunciadas, estão a criação de parques e o aumento no plantio de árvores nas áreas mais quentes da cidade, com o objetivo de ampliar o conforto térmico dos cariocas. Os drones semeadores são uma aposta para dar velocidade ao reflorestamento no Rio. Investir em soluções inovadoras é uma maneira de ampliar a atuação do poder público, uma vez que fazer crescer uma floresta é uma tarefa que demanda espaço físico, clima adequado, tempo e disponibilidade de equipe técnica qualificada.

"A ideia é melhorar as frentes de trabalho, pois eles têm que acessar muitas vezes morros e montanhas. Esse processo acelera o trabalho de reflorestamento e treina os jovens, os funcionários dos mutirões para acessarem novas tecnologias", disse a ex-secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula.

Etapas

O primeiro passo é fazer o diagnóstico do solo, a partir de imagens de satélite e de drone, para mapear a topografia, os recursos hídricos e a cobertura vegetal existente. Em laboratório, outras características são analisadas, como a compactação, a umidificação e a composição mineral e orgânica.

Com o estudo em mãos, a próxima etapa consiste na identificação de, no mínimo, 20 espécies nativas com mais chances de sucesso para aquele solo, incluindo variedades dos três estágios da sucessão ecológica, como plantas rasteiras, arbustos e árvores.

Após essa definição, o plano de plantio é feito por inteligência artificial, que calcula quais sementes serão plantadas em quais áreas, junto com quais espécies, a proporção de sementes de cada uma delas e a quantidade necessária para cada espaço, criando padrões de plantio complexos, que a própria Morfo chama de "plantação inteligente".

A terceira etapa é a dispersão das sementes encapsuladas e in natura de acordo com o plano, feita com uma equipe de duas pessoas e um drone. Uma das vantagens desse método é a facilidade de logística para áreas de difícil acesso, sem a necessidade de deslocamento de uma equipe numerosa, tornando o processo mais seguro para os colaboradores envolvidos. Além disso, o drone tem todo o plano de voo pré-determinado, a fim de garantir o nível máximo de segurança para a equipe.

Com as sementes no solo começa a etapa de monitoramento, feito com imagens de satélites e de drones, que utilizam inteligência artificial para estudar a evolução da cobertura vegetal e também da biodiversidade. Essa avaliação também permite detectar imprevistos, como eventos climáticos adversos ou o surgimento de espécies invasoras.