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BTG compra a Vila Olímpica do Rio

Por Yuri Eiras (Folhapress)

Oito anos depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, a antiga Vila Olímpica, que recebeu os atletas, ainda tem quatro dos sete condomínios fechados, sem sequer autorização da prefeitura para habitação. A Vila Olímpica foi construída em uma região vinculada ao bairro de Jacarepaguá. Neste ano, a Câmara do Rio e o prefeito Eduardo Paes (PSD) criaram o bairro Barra Olímpica, que engloba o conjunto de edifícios.

Soberbo empreendimento da Carvalho Hosken com a antiga Odebrecht, o condomínio ocupa uma área de 820 mil m², com 31 edifícios de 18 pavimentos cada um. A Vila Olímpica foi batizada de Ilha Pura e dividida em residenciais para venda no mercado imobiliário. O lançamento foi ainda em 2014, dois anos antes dos Jogos. O terreno recebeu, em 1985, a primeira edição do Rock in Rio. Os sete residenciais que formam a Ilha Pura, juntos com o parque de 72 mil m² localizado no meio do terreno, são maiores do que o Leblon.

Mas dos 3.604 apartamentos construídos, menos de 40% foram vendidos. Agentes do mercado imobiliário carioca avaliam que a taxa de ocupação dos apartamentos, com pessoas morando atualmente, não passa de 30%. Dos 31 edifícios, 19 estão fechados.

Em negociação encaminhada na última semana, o banco BTG Pactual está comprando da Carvalho Hosken os cerca de 2.500 imóveis remanescentes que não foram vendidos. A negociação foi autorizada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no dia 10 de julho.

O valor da transação não foi informado, mas é estimado pelo BTG como a maior operação imobiliária do Brasil no ano. A compra inclui também inadimplências deixadas pela construtora, como dívidas de IPTU (Imposto sobre a Predial e Territorial Urbano).

O setor de fundo imobiliário do BTG manifestou interesse na compra das torres há um ano e meio e, após sacramentar a negociação, planeja uma estratégia de marketing para o relançamento. A ideia é vender pequenos blocos dos edifícios.

O BTG entende que os imóveis ainda podem se valorizar, apesar de construídos há dez anos, porque considera a infraestrutura boa. Antes do relançamento será fazer reparos nas unidades, como pintura e verificação da rede elétrica.

Atualmente, o metro quadrado é vendido por cerca de 20% a 30% a menos do que outras unidades similares da região.

O valor médio do metro quadrado na Ilha Pura tem sido ofertado por R$ 9.106, segundo dados do centro de pesquisa do Secovi Rio, sindicato patronal que representa condomínios, imobiliárias e incorporadoras no Rio de Janeiro. Mas o metro quadrado acaba sendo vendido por R$ 8.368, valor médio, quase R$ 1 mil a menos do que o ofertado. Imóveis de categoria similar naquela região têm o metro quadrado vendido por R$ 11.200, em média.

"A Ilha Pura é um projeto bem interessante. Deverá ser uma absorção lenta e gradual", avalia Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi.

Tratada pelo mercado da época como uma das maiores frustrações do setor imobiliário carioca, a Ilha Pura teve, entre 2019 e 2024, 869 imóveis vendidos, concentrados em dois residenciais. Pela estratégia da construtora, somente quando uma torre chegava a 70% dos apartamentos vendidos é que uma nova torre era aberta para ser negociada.

Animados com a promessa de transformação da região após a Olimpíada, como a despoluição da lagoa de Jacarepaguá e a chegada de transporte e comércio. Há uma estação de BRT perto do condomínio, além de pontos de ônibus.