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Demolições na Maré afetam escolas e unidades de saúde

Demolição em série paralisou escolas e unidades de saúde na Maré | Foto: Divulgação/ Seop

Por Marcello Sigwalt

Como resultado da continuidade, pelo nono dia seguido, nessa terça-feira (27), da operação de demolição de imóveis de luxo construídos pelo tráfico no Complexo da Maré (Zona Norte) - em ação coordenada pela Secretaria de Ordem Pública (Seop), em conjunto com a Polícia Militar - permaneceram fechadas unidades de saúde da região, sem contar duas escolas, deixando cerca de 1,4 mil alunos sem aula.

Na verdade, tanto no Ciep 326 - César Pernetta, quanto no Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, as atividades já estavam suspensas desde o dia 19, portanto, há mais de uma semana. Em nota, a Secretaria de Educação garantiu que haverá a reposição dos conteúdos pedagógicos perdidos, sem prejuízos para os alunos. Enquanto isso, a pasta admite estar avaliando as 'condições de segurança', a fim de decidir sobre a abertura ou fechamento dos colégios.

No que se refere às unidades de ensino municipais, enquanto 33 delas estão funcionando de forma presencial, outras 13 continuam fechadas, devido à proximidade física da operação.

Mas além das instituições de ensino, igualmente foram afetadas as clínicas das famílias Jeremias Moraes da Silva e Diniz Batista dos Santos, que suspenderam as atividades externas, assim como as visitas familiares.

Ao todo, a Seop localizou 41 imóveis irregulares na comunidade Parque União, em que foi priorizada demolição de dois prédios com pavimentos mais altos, por permitir a entrada de máquinas para conclusão do trabalho.

Desde o início da intervenção, já foram demolidos 32 prédios, correspondendo a mais de 162 apartamentos.

Para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o Parque União foi escolhido pela criminalidade para a lavagem do dinheiro do tráfico, por meio da construção e abertura de empreendimentos.

Além disso, os agentes apuraram que os imóveis - erguidos sem autorização prévia da Prefeitura ou responsável técnico pela obra - eram ocupados por, ao menos uma pessoa, que simulava ser morador, a fim de dificultar a demolição das edificações.

Segundo engenheiros da administração municipal, a iniciativa causou prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções, que permanecem incógnitos.

Reação

A ação de demolição, promovida pelos agentes municipais provocou revolta entre os moradores que fizeram protesto, na manhã desta sexta-feira (23), que fecharam a Avenida Brigadeiro Trompowski, que liga a Avenida Brasil à Ilha do Governador. Segundo o integrante da Associação de Moradores do Parque União, Caitano Silva, "eles invadem as casas sem mandado judicial".