Linha 4 do Metrô continua à deriva

Vítima de 'jogo de empurra', obra permanece sem solução à vista

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Por Marcello Sigwalt

Devido à suspeita de superfaturamento, há dois anos permanecem paralisadas as obras da Linha 4 do Metrô, na Estação da Leopoldina (na Avenida Francisco Bicalho, zona central da capital fluminense), onde se amontoam centenas de aduelas de concreto a céu aberto, com valor estimado de R$ 50 milhões, segundo dados do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ).

Enquanto a situação permanece sem solução, em um terreno e galpão próximo da estação continuam depositados 6.624 blocos de concreto (aduelas); 846 peças de trilhos, 68 postes de fibra com 4,5 metros de altura, 480 passarelas, 68 bancos de concreto, 9.042 dormentes, um totem de comando para iluminação da praça, 480 passarelas e 1.133 pisos plaqueados.

Colocando 'panos quentes', ante o descalabro financeiro, o prefeito Eduardo Paes, no início de julho, ao anunciar a retomada da recuperação da Leopoldina, desconversou: "Eu sou da tese de "cada dia a sua agonia". Não adianta tentar resolver tudo de uma vez, [se não] estamos fritos. Agora não é necessário pensar nas aduelas do metrô. No momento que for necessário vamos conversar com o Estado".

Já a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), no ano passado, anunciou a abertura de processo administrativo, a fim de identificar 'responsabilidades' pelo equipamento, deixado ao relento há sete anos, e que deve ser transferido para outro lugar, ainda indefinido.

Em relatório, a Agetransp cobra a "apuração de responsabilidade sobre a guarda e a segurança da infraestrutura que compõe os ativos da Linha 4, face às comunicações entre a Rio Trilhos e a Rio Barra e a MetrôRio, em que uma imputa a outra o ônus de zelo e manutenção dos equipamentos".

De fato, as concessionárias Rio Barra e MetrôRio, além da companhia estadual Rio Trilhos, têm protagonizado um jogo de empurra pela responsabilidade pela aplicação e destino do material milionário inutilizado pela inércia judicial.