Civil cumpre mandados de busca e apreensão no Rio

Operação 'Mãos Leves' busca conexão com máquinas caça-níqueis

Por

Por Marcello Sigwalt

Resultante de investigações que apontam a manipulação do sistema eletrônico das máquinas de bichinhos de pelúcia, para que o jogador só obtenha o prêmio, após um determinado número de tentativas, a Polícia Civil procedeu à segunda fase da Operação 'Mãos Leves', que cumpre 19 mandados de busca e apreensão, em endereços, no Rio e em Santa Catarina.

Segundo a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), ao menos um dos alvos dos mandados estaria envolvido em outros crimes, ligados às máquinas caça-níqueis, em conexão com o 'jogo do bicho'.

Como saldo da operação, foram apreendidos, além das máquinas de pelúcias falsificadas, celulares, computadores, notebooks, tablets e documentos. Tal material será submetido à exame pericial, a fim de definir a estrutura do grupo criminoso e identificar as organizações criminosas envolvidas.

"Algumas pessoas foram conduzidas na condição de testemunha, funcionários e técnicos que operavam as máquinas, para entendermos melhor como isso funciona. Também encontramos uma pistola dentro de um dos galpões, de uma gaveta, e estamos fazendo as devidas consultas para saber se é uma arma registrada, com numeração adulterada, ou se é produto de crime", revelou o delegado responsável pela investigação, Pedro Brasil, ao acrescentar ter sido encontrada uma arma, nos cinco galpões vistoriados.

Na verdade, a operação policial teve início, em maio deste ano, com base em informações de que empresas atuantes em shoppings centers da Região Metropolitana do Rio estariam utilizando bonecos de pelúcia falsificados de personagens de grandes marcas, o que levou à apreensão de máquinas e grande quantidade de material utilizado na fraude.

No decorrer do inquérito, peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), descobriram que o sistema eletrônico das máquinas só libera corrente elétrica que aciona a 'garra' que pega o brinquedo, somente após decorrido determinado número de jogadas.

Caso tal número de tentativas seja inferior ao necessário para acionar a garra, a corrente elétrica liberada pelo mecanismo seria reduzida propositalmente, enfraquecendo a 'garra' e inviabilizando a captura do bichinho de pelúcia, por adultos ou crianças.

"Um contador era zerado toda vez que uma pelúcia era pega. Então isso é programável, o operador pode dizer que a partir de 30, 50 ou 10 jogadas que haverá uma corrente elétrica que vai ser suficiente para que o objeto seja pego", disse o delegado.

Além disso, as investigações em curso têm como principais 'alvos' duas grandes empresas, que respondem por mais de 90% do mercado dessa atividade no Rio.

"A ação de hoje buscou aprender celulares, laptops e computadores para que a gente consiga entender o mecanismo de funcionamento e se há alguma organização criminosa por trás disso. Esse material vai embasar nossa investigação, vai trazer mais elementos para que a gente possa chegar à essa conclusão, se há ou não envolvimento de organizações criminosas mais estruturadas por trás", concluiu Brasil.